Republico este texto hoje porque vale a pena ressaltar, principalmente nesta época do ano, o erro na utilização de "vítima fatal". Este período de festas e de férias é marcado pelo aumento substancial do número de veículos e — infelizmente — de acidentes nas estradas brasileiras.
Um equívoco comum da imprensa é empregar aquela expressão — que se popularizou e parece normal para o público e até mesmo para alguns colegas jornalistas. Mas é importante destacar que “vítima fatal” não pode ser usada para revelar quantas pessoas morreram em acidentes.
O motivo é simples: fatal é o que provoca o óbito, e a vítima é quem perde a vida. Uma coisa é aquilo que motiva uma morte, outra é a pessoa vitimada. Aí a impossibilidade de se usar a expressão “vítima fatal”.
Então, fatal é um acidente, um atropelamento, uma queda, um choque, um afogamento, um tiro, uma facada, enfim, o fato que matou alguém. Portanto, ao se escrever, por exemplo, “o número de vítimas fatais nas estradas paranaenses aumentou este ano”, fica evidente o erro. O correto seria: “O número de mortes (ou óbitos) nas estradas paranaenses aumentou este ano”.
Outro exemplo: “Duas pessoas foram vítimas fatais do naufrágio do bote”. Uma forma certa poderia ser: “Duas pessoas morreram no naufrágio do bote”. E mais: “O trabalhador foi vítima fatal da própria negligência ao não utilizar equipamentos de segurança”. Essa frase poderia ser: “O trabalhador morreu (ou faleceu) em decorrência de sua própria negligência, ao não utilizar equipamentos de segurança”.
Enfim, o ideal é o autor do texto buscar uma alternativa àquela expressão incorreta. Até porque cabe à imprensa primar pela exatidão em suas informações, seja no momento de apurar o fato e ao divulgá-lo.