sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Transporte modelo, mas o trânsito...


Curitiba é conhecida dentro e fora do país por ter um transporte público urbano eficaz e inovador, com ônibus articulados e biarticulados, capazes de transportar centenas de passageiros por canaletas exclusivas e parar nas famosas estações-tubo. Há também os ligeirinhos, implantados para percorrer pontos distantes da cidade em pouco tempo, sem paradas constantes.

Há cerca de duas semanas radicado na capital paranaense e usuário dos coletivos, já percebi que na prática esse sistema não é tão eficiente quando aparenta na teoria. Por ora hóspede de meus pais, no Cajuru, trabalho no centro, um percurso de aproximadamente dez quilômetros.

De segunda a sexta, utilizo o ligeirinho Centenário, que de rápido não tem nada. Ele percorre grande parte do trajeto pela BR-277, em meio a um tráfego intenso e travado todas as manhãs. Mesmo com somente duas paradas, chega ao tubo central em 45 minutos. Uma viagem em comparação com cidades médias, como Foz do Iguaçu, por exemplo, onde — apesar do sistema público medíocre — são raros os itinerários que consomem tanto tempo.

No retorno, por volta das 18 horas, a mesma rotina, agravada nos dias de chuva, nos quais o número de carros parece aumentar; e o tempo no ônibus, não passar. No dia em que escrevi este texto, chuvoso, por sinal, o trajeto consumiu uma hora.

Um detalhe quase diário: os bancos são disputados contrariando uma das leis de Newton, pois quando o ligeirinho chega ao tubo a maioria das pessoas que vão embarcar sequer espera o desembarque, ocupando praticamente o mesmo espaço daquelas que descem. Uma tremenda falta de educação! Portanto, quem mantém a civilidade “viaja” sempre em pé.

Por outro lado, ao vivenciar a experiência, porém sem perder a educação e o respeito, até entendo a pressa para garantir um lugar sentado, principalmente na volta para casa. Ao fim da jornada de trabalho, o cansaço e a fome são dois indutores do egoísmo alheio. Imagine você cansado, querendo se alimentar, preso num trânsito travado, em pé, durante uma hora! Não é à toa que muitos passageiros caem no sono.

Mas a situação poderia ser pior se o transporte fosse ruim. Pelo menos os usuários daqui têm à disposição ônibus decentes, que não demoram a passar, cujas linhas são atendidas por vários coletivos. Pior seria se o número de passageiros de uma capital dependesse de um sistema capenga como, infelizmente, é o de Foz do Iguaçu!