O
atropelamento de um veado-mateiro no Parque Nacional do Iguaçu quarta-feira
reforça a preocupação dos ambientalistas com o trânsito de veículos dentro da
unidade.
O
acidente ocorreu em meio à celeuma criada dias atrás, após a Justiça ter expedido
uma liminar proibindo vans de turismo e táxis de entrar no parque.
Apesar
dos protestos de profissionais do setor, o fato é que 37 animais morreram
atropelados, só este ano, na unidade. A maioria dos casos ocorreu à noite,
reduzindo a chance de se descobrir os responsáveis.
Um
dos argumentos contrários à decisão judicial —
e talvez o principal —
é que a medida vai prejudicar o turismo, gerando até mesmo desemprego.
Atualmente,
quem chega ao parque de táxi ou veículo de turismo desembarca,
obrigatoriamente, no Centro de Visitantes da unidade. Até aí não muda nada.
Não
poder entrar na reserva diminuiria o valor cobrado pelas empresas de receptivo
e taxistas, mas dizer que a redução de 12 quilômetros até o Hotel das Cataratas
provocaria quebradeira ou desemprego é um exagero.
O
transporte não deixaria de ser feito, apenas teria um percurso menor. Se as
empresas ou taxistas veem prejuízo, que reajustem as tarifas. Menos lucro não
pode, nunca, sobrepor a preservação da vida no maior parque nacional
brasileiro, Patrimônio da Humanidade.
A
unidade é lar de várias espécies da fauna e da flora regional. Elas são as
moradoras genuínas, pois estavam lá muito antes de o homem pensar em conhecer
ou se achar o dono do local.
Na
verdade, o ser humano é o invasor. Ele entra, devasta, explora a natureza,
desfigurando habitats, extinguindo animais e plantas, raramente sendo responsabilizado.
Sempre foi assim, mas isso deve parar.
No
caso da restrição de tráfego no parque —
diante da dificuldade de se descobrir os responsáveis, da leveza das penas por
crimes ambientais no país, e da importância de se conservar aquela unidade —, está certa a Justiça.
Racionais,
os homens vão encontrar uma alternativa para atender à demanda por serviços
prestados no Parque Nacional do Iguaçu, conciliando o interesse comercial com a
preservação ambiental.