quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Com a lei seca, todos podem ganhar


O rigor da Resolução 432 do Contran, que pune o motorista com qualquer quantidade de álcool no organismo, pode sim trazer vantagens para toda a sociedade. O resultado da tolerância zero já é comprovado por meio de estatísticas de trânsito, que revelam diminuição no número de acidentes e, por conseguinte, no total de vítimas.

No carnaval deste ano, por exemplo, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, o total de sinistros baixou 350 em relação ao mesmo período de 2012, com 35 mortes e 414 feridos a menos.

A medida vai além de tentar conter a ocorrência de desastres e de salvar vidas, embora sejam esses os objetivos principais. Mesmo que a duras penas, com a imposição de multas caras e até prisão, a lei seca começa a reforçar nas pessoas a consciência de que não se deve assumir o volante após o consumo de bebida alcoólica, independentemente da dose ingerida.

No Brasil, infelizmente, essa educação compulsória é necessária em muitas áreas, para incutir na sociedade um maior senso de responsabilidade e de respeito às normas de convivência.

Ao contrário do que pensam alguns, a legislação mais rígida não traz necessariamente prejuízos para bares e restaurantes. A possibilidade da diminuição de clientes nesses estabelecimentos pode ser evitada com criatividade. E na prática boas ideias já são vistas pelo país, como parcerias entre comerciantes e taxistas – uma boa alternativa para as duas categorias e para os clientes.

A lei pode, inclusive, aproximar mais as pessoas e diminuir o número de carros nas ruas, com o incentivo à carona. Grupos de amigos podem sair juntos, revezando a função de motorista. Assim ninguém precisa abrir mão dos programas, divertindo-se e retornando em segurança.

A determinação do Contran também pode aquecer a economia com o aumento da produção de bebidas sem álcool. Há no mercado algumas opções de cerveja e vinho, embora produzidas em menor escala. Com a tolerância zero, as fábricas poderiam aumentar a produção desses produtos e lançar versões sem álcool das marcas consagradas.

Vale lembrar que a cerveja sem álcool, por exemplo, tem o mesmo sabor da tradicional, portanto o prazer de tomar a sua “breja” trincando não diminuiria!

No trânsito, atenção, responsabilidade e reflexos apurados são fundamentais para salvar vidas, então todas as medidas, mesmo que enérgicas, são bem-vindas para o bem da coletividade.