O dia de ontem foi, mais uma vez, complicado para a população de Foz usuária do transporte coletivo. Muitas pessoas ficaram a ver navios, à deriva nos pontos à espera dos ônibus que não passaram, a não ser nos horários de pico.
Dessa vez os coletivos deixaram de circular na maior parte dos horários em protesto à escala de trabalho adotada pelas empresas, após a implantação do novo sistema de transporte. Segundo os trabalhadores, a carga horária de seis horas diárias foi dividida em duas horas pela manhã, duas à tarde e duas à noite.
Além de deixar motoristas e cobradores em função do trabalho ao longo do dia todo, essa famigerada escala prejudica aqueles que estudam, têm outras atividades e compromissos. Isso já tinha sido denunciado pelo Sindicato dos Rodoviários de Foz, e divulgado nos meios de comunicação da cidade — pelo menos nos isentos, sem profundos e imorais vínculos com empresários do setor e com a prefeitura.
Desde o início das mudanças, no dia 14 de janeiro, a insatisfação tomou conta de passageiros e profissionais do setor. E com razão, afinal, da noite para o dia, foram retiradas linhas, implantadas outras, alterados itinerários e horários, colocados ônibus — apesar de novos — menores, inclusive muitos micro-ônibus, que dispensam cobradores e obrigam os motoristas acumularem funções.
Não obstante a falta de informação, outras falhas apareceram rapidamente, e até o momento não foram totalmente corrigidas pelo Foztrans — autarquia municipal de trânsito — tampouco pelas empresas que formam o Consórcio Sorriso. Sorriso? Que ironia, o nome só reflete a satisfação dos empresários, que não precisaram participar de licitação para continuar explorando — e mal — o serviço na cidade.
O transporte coletivo em Foz sempre foi ruim e desrespeitoso com os usuários. E mais, a obscuridade começou há 15 anos, conforme revela o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular, em manifesto divulgado segunda-feira. O texto retrata bem como o poder público local sempre conduziu esse serviço, essencial para a população. Vale a leitura, que pode ser feita no site www.megafone.inf.br.
Essa questão precisa ser resolvida o quanto antes, e o correto seria o envolvimento de autoridades — alheias à administração municipal — e da sociedade para fiscalizar o setor e colaborar na solução desse impasse, que parece não ter fim.