Está tudo pronto para a
passagem da chama olímpica por Foz do Iguaçu. Hoje e amanhã, a cidade viverá intensamente o clima pré-Olimpíada. Pelas ruas e pontos
turísticos, muita movimentação, sirenes e luzes do comboio de veículos
oficiais, de patrocinadores, de apoio, de batedores e escolta da polícia, além de
102 pessoas escolhidas para carregar a tocha.
Receber o símbolo do maior
evento esportivo do planeta e explorar as imagens e fotografias dele,
principalmente nos atrativos turísticos locais tão singulares, são
oportunidades valiosas para promover ainda mais a cidade. Será uma festa bonita
e animada, sem dúvida.
Aqui em Foz, acredita-se, não
matarão nenhuma onça-pintada – até porque esse animal é o símbolo do Parque
Nacional do Iguaçu e foco de estudo e conservação por meio do Projeto
Carnívoros.
Via de regra, a natureza é
respeitada por representar uma riqueza da região trinacional, embora existam
casos de tráfico de animais, caça, maus-tratos... Durante a permanência da
chama na Tríplice Fronteira, muitas cenas belíssimas junto ao meio ambiente serão
registradas e percorrerão o mundo.
Mas nem tudo serão flores por
ocasião da passagem da tocha por aqui. O clima de festa e empolgação,
parece-me, não tomará conta de toda a cidade. Inclusive há quem “nem esteja aí
com isso”. Tudo bem, afinal o espírito olímpico deve estar presente diretamente
entre atletas, organizadores, voluntários, enfim, pessoas com alguma
participação no evento. E também em quem aprecia o universo esportivo e/ou sabe
a importância da presença do fogo em Foz.
Entretanto não é só pela falta
de participação direta ou de sensibilidade que o evento deixará de ter
importância para muitas pessoas. Para algumas até trará transtornos. E não se
trata apenas da interrupção no trânsito durante o desfile do comboio pelas ruas
no dia 30 nem no deslocamento dele em direção aos pontos turísticos no dia
seguinte. Por determinação de sua diretoria, o Hospital Municipal Padre Germano
Lauck suspendeu as cirurgias eletivas.
Considerada referência em
tratamentos de urgência e emergência, a unidade estará em alerta caso ocorra
algum incidente. Na verdade já está, pois as operações foram interrompidas no
dia 25 e voltarão a ser realizadas no dia 2 de julho. Com isso uma grande
parcela da população que depende do hospital – e espera muito tempo para ser
operada – terá de aguardar mais tempo.
Mas por que pressa, afinal se trata de cirurgias eletivas, aquelas não urgentes. Quem não morreu até agora não morrerá até a retomada delas. Saúde é algo que pode aguardar a efemeridade de uma comemoração pré-olímpica. E como Foz não tem outras unidades capazes de prestar apoio médico diante de alguma necessidade, o jeito é paralisar parte do funcionamento do hospital municipal. Parabéns aos gestores. E um viva à passagem da tocha!