terça-feira, 12 de abril de 2011

Militares reacionários tentam tirar novela do ar


Em plena democracia, 26 anos após o fim do governo militar no Brasil, a sociedade assiste a uma atitude que remete à época da censura no país: militares fazem um abaixo-assinado pela internet, para tentar tirar do ar a novela Amor e Revolução, do SBT.

A produção, exibida há uma semana, já repercute na sociedade porque mostra — em rede nacional — as perseguições, torturas e assassinatos promovidos pelos militares golpistas. Além de apresentar cenas fortes, os capítulos são encerrados com depoimentos de pessoas que foram presas, torturadas ou tiveram parentes desaparecidos.

Os relatos assustam, causam indignação, fazem pensar como é possível deixar sem punição os criminosos fardados que impuseram ao Brasil 21 anos de intolerância e total desrespeito à democracia — o pior período da história nacional.

Felizmente, os militares podem espernear à vontade, pois o tempo de censura já ficou para trás. Eles não podem mais fechar instituições, prender cidadãos arbitrariamente, muito menos perseguir, torturar, assassinar e ocultar cadáveres. 

Assim como naquela época, quando nem todos os integrantes das Forças Armadas eram favoráveis ao golpe, creio que os atuais membros do Exército, Marinha e Aeronáutica — ou grande parte deles — não apoiem a iniciativa dos coordenadores do site responsável pelo abaixo-assinado (www.militar.com.br).

A liberdade, a democracia, a Constituição cidadã são conquistas do povo brasileiro. É graças a elas, inclusive, que tais reacionários podem manifestar-se para propor algo descabido, totalmente fora de cogitação hoje em dia. 

Essa é mais uma tentativa de abafar atos criminosos, de cercear debates sobre o tema, de evitar a mobilização social em busca de justiça. É o corporativismo pela censura. Mas desta vez não conseguirão calar na base da força, tampouco recorrendo a quem quer se seja. 

Viva a democracia!