Curitiba
é conhecida dentro e fora do país por ter um transporte público urbano eficaz e
inovador, com ônibus articulados e biarticulados, capazes de transportar
centenas de passageiros por canaletas exclusivas e parar nas famosas
estações-tubo. Há também os ligeirinhos, implantados para percorrer pontos
distantes da cidade em pouco tempo, sem paradas constantes.
Há
cerca de duas semanas radicado na capital paranaense e usuário dos coletivos, já
percebi que na prática esse sistema não é tão eficiente quando aparenta na
teoria. Por ora hóspede de meus pais, no Cajuru, trabalho no centro, um
percurso de aproximadamente dez quilômetros.
De
segunda a sexta, utilizo o ligeirinho Centenário, que de rápido não tem nada. Ele
percorre grande parte do trajeto pela BR-277, em meio a um tráfego intenso e
travado todas as manhãs. Mesmo com somente duas paradas, chega ao tubo central
em 45 minutos. Uma viagem em comparação com cidades médias, como Foz do Iguaçu,
por exemplo, onde — apesar do sistema público medíocre — são raros os
itinerários que consomem tanto tempo.
No
retorno, por volta das 18 horas, a mesma rotina, agravada nos dias de chuva,
nos quais o número de carros parece aumentar; e o tempo no ônibus, não passar.
No dia em que escrevi este texto, chuvoso, por sinal, o trajeto consumiu uma
hora.
Um
detalhe quase diário: os bancos são disputados contrariando uma das leis de
Newton, pois quando o ligeirinho chega ao tubo a maioria das pessoas que vão
embarcar sequer espera o desembarque, ocupando praticamente o mesmo espaço
daquelas que descem. Uma tremenda falta de educação! Portanto, quem mantém a
civilidade “viaja” sempre em pé.
Por
outro lado, ao vivenciar a experiência, porém sem perder a educação e o
respeito, até entendo a pressa para garantir um lugar sentado, principalmente
na volta para casa. Ao fim da jornada de trabalho, o cansaço e a fome são dois
indutores do egoísmo alheio. Imagine você cansado, querendo se alimentar, preso
num trânsito travado, em pé, durante uma hora! Não é à toa que muitos
passageiros caem no sono.
Mas
a situação poderia ser pior se o transporte fosse ruim. Pelo menos os usuários daqui
têm à disposição ônibus decentes, que não demoram a passar, cujas linhas são
atendidas por vários coletivos. Pior seria se o número de passageiros de uma
capital dependesse de um sistema capenga como, infelizmente, é o de Foz do
Iguaçu!
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