terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tortura no Brasil era corriqueira, diz militar acusado dessa prática

A vida está boa para Maurício Lopes Lima, morador da Praia das Astúrias, no Guarujá, litoral do estado de São Paulo. É lá que o tenente-coronel reformado do Exército gasta seu polpudo soldo e curte a paisagem bonita e calma.

Nada contra quem tem essa possibilidade, mas tudo contra a impunidade. Lima é acusado pelo Ministério Público Federal de ter participado da morte de seis presos políticos e ter torturado 20 pessoas durante a ditadura no Brasil — entre suas vítimas, a presidente Dilma Rousseff.

O militar foi localizado pelo repórter Ricardo Galhardo, do Portal IG, e disse que as práticas desumanas nos porões do DOI-CODI eram “corriqueiras”. Embora a ação pública tenha como base 39 documentos, inclusive com o depoimento de Dilma e do frade dominicano Tito de Alencar Lima, o frei Tito, reconhecendo Lima como torturador, ele negou todas as acusações. E ainda foi irônico ao comentar: “Se soubesse naquela época que ela seria presidenta teria pedido: ‘Anota meu nome aí. Eu sou bonzinho’.”

Ainda no texto, publicado na segunda-feira, Galhardo relata um trecho do depoimento de frei Tito, que diz na ação do MP: “O capitão Maurício veio buscar-me em companhia de dois policiais e disse-me: ‘Você agora vai conhecer a sucursal do inferno’.” E lá teria sido agredido com tapas nas orelhas, recebido choques elétricos, e apanhado de outras formas.

Esses e outros militares acusados de torturar, assassinar e ocultar cadáveres, entre outros crimes, vivem tranquilamente, como se nada tivesse ocorrido, enquanto centenas de famílias e amigos de presos políticos ainda sofrem com as crueldades cometidas no período da ditadura e com a falta daqueles que estão desaparecidos até hoje.

O Brasil está na contramão do que ocorre em outros países sul-americanos, os quais punem os bandidos do regime militar. Aqui a Lei da Anistia fez um desfavor à sociedade, perdoando os golpistas criminosos, perseguidores, assassinos... E eles vivem bem, negando as acusações, defendendo o golpe de 64, e fazendo piadinhas, como no caso de Maurício Lopes Lima. Isso é revoltante!

Leia a matéria e a entrevista no: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/acusado+de+torturar+dilma+leva+vida+tranquila+no+guaruja/n1237841186503.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário