Mais de dois meses após a data-base dos jornalistas no Paraná, a Convenção Coletiva de Trabalho 2010/2011 ainda não foi fechada. Não obstante o atraso, o pior é a total falta de consideração dos patrões, que há mais de 30 dias não dão sinais de retomada das negociações.
A intenção deles é renovar — pelo 15º ano seguido — a atual CCT, com inclusão de licença-maternidade de 180 dias. A proposta é novamente repor o percentual de inflação do período, ignorando o aumento real pretendido pela categoria. Para os donos da mídia paranaense, isso é muito, afinal os “barões” já quiseram diminuir 40% do piso no interior.
Felizmente, depois da repercussão negativa e protestos realizados pelos jornalistas do estado, desistiram da ideia — sustentada pelo argumento mesquinho de que a vida fora da capital é mais tranquila, com custo de vida menor, além de outras besteiras egoístas.
O fato é: os proprietários, diretores e puxa-sacos não têm a mínima consideração pela classe responsável pelo êxito de suas empresas. Eles veem os trabalhadores somente como a massa de manobra encarregada de divulgar de forma mascarada seus múltiplos interesses, sem que percam o status de empreendedores de sucesso.
A sociedade precisa saber isso, não se deixando enganar diante da pose de paladinos da democracia sustentada pelos donos da mídia. Na realidade, a classe patronal da comunicação não difere nada dos demais empreendimentos capitalistas. Ou seja: visa ao lucro, explorando a mão de obra sem dar a contrapartida merecida. E o pior é constatar que — na visão míope dela — os jornalistas têm muitas regalias.
Os benefícios garantidos na atual CCT são fruto de uma luta incansável a cada ano, para tentar manter condições dignas de vida. Não fosse o trabalho do nosso sindicato, toda a classe já estaria degradada, com carga horária estendida, piso (teto) rebaixado, sem direito a anuênio e a horas extras remuneradas em 100%.
A ausência de interesse para fechar a Convenção Coletiva 2010/2011 reflete o descaso, o egoísmo, a mesquinhez, a falta de bom senso do patronato, além da justa valorização daqueles que fazem suas empresas faturar mais a cada ano. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os “suseranos” nunca tiveram rendimentos tão altos como nos últimos anos no Paraná.
Na mesa de negociação, seus representantes insistem em propagar uma falsa crise, a diminuição de receitas, elevação de custos, entre outros argumentos que não passam de falácias para tentar ludibriar nossa categoria e massacrar os jornalistas. Pura balela!
Isso faz os profissionais do estado, orientados pelo sindicato, manterem os protestos, a união e, principalmente, a dignidade refutando as esmolas patronais e lutando em prol de melhores condições de trabalho e de remuneração. E é assim mesmo que deve ser!
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