Embora bastante desgastadas, ambas as expressões continuam sendo utilizadas na língua portuguesa. Consideradas muletas, são empregadas mais frequentemente na linguagem oral, como forma de apoio à fala. E o pior, há quem considere bonito ou sofisticado o uso delas.
Além de não recomendadas, podem ser perfeitamente substituídas, inclusive simplificando a frase. Certa vez, ouvi um médico dizer: “A contusão do atleta foi a nível de joelho.” Essa declaração me surpreendeu, tamanha a pretensão de sofisticar a sentença. Na realidade, o uso da expressão tornou a fala complexa. O profissional poderia ter deixado a linguagem rebuscada de lado e dito: “A contusão do atleta foi no joelho.”
O emprego estaria correto somente para fazer referência ao substantivo nível propriamente dito, e mesmo assim a expressão seria ao nível. Acompanhe:
• A cidade fica localizada ao nível do mar.
• O conhecimento repassado pelo professor está ao nível dos alunos.
Outra maneira de se expressar é utilizando em nível (de), porém somente como sinônimo de em âmbito, em abrangência. O ideal é escrever ou falar de forma diferente. Alguns exemplos:
1) A decisão do governo vale em nível (em âmbito) nacional.
A frase poderia ser:
• A decisão do governo vale em todo o Brasil.
2) O plano é desenvolvido em nível de município.
• O plano é desenvolvido no município.
Mais um caso de equívoco aparece na seguinte construção: “Nosso esforço é no sentido de fazer uma sociedade mais justa.” Veja, leitor, como essa oração ficaria mais simples e concisa se a muleta tivesse sido substituída pela preposição para:
• Nosso esforço é para fazer uma sociedade mais justa.
Então, prefira trocar no sentido de por para, com o objetivo de, com o intuito de, com a finalidade de, com vistas a. Em resumo, esqueça as muletas gramaticais, simplifique a oração com o uso de palavras mais simples e adequadas ao contexto da frase.
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