sábado, 30 de abril de 2011

Os escândalos continuam na Assembleia Legislativa do Paraná


O mais recente envolve o atual presidente, Valdir Rossoni; funcionária fantasma teria ‘ocupado’ seu gabinete

A imoralidade e os crimes praticados contra a sociedade paranaense na principal casa de leis do estado parecem mesmo não ter fim. Não bastasse o escândalo dos atos secretos que lesaram o Paraná e sua população por anos, agora recai sobre o presidente da Assembleia a suspeita de ter mantido uma funcionária fantasma em seu gabinete.

Eleito com a promessa de investigar, punir e recuperar a imagem do Legislativo, o tucano Valdir Rossoni se vê envolvido num esquema irregular. Segundo revelou ontem o jornal Gazeta do Povo, ele teria empregado em seu gabinete de deputado, entre 2003 e 2005, Hellena Luiza Valle Daru. Nesse período, a “funcionária” teria recebido R$ 331,5 mil de salário.

Mas tudo não passaria de uma fraude, pois Hellena encaminhou um documento à Receita Federal garantindo nunca ter trabalhado na Casa, tampouco percebido os pagamentos. Ou seja, mais uma fantasma usada em desvio de dinheiro público, afinal os milhares de reais foram efetivamente depositados numa conta, informa a matéria do diário curitibano. E aonde foram parar? Quem viu a cor da grana?

Coincidência ou não, Hellena é mãe de Altair Carlos Daru — ninguém menos que funcionário, e homem de confiança, de Valdir Rossoni há dez anos! E o tucano vem a público dizer que não sabia? Quer que os paranaenses acreditem que ele desconhecia o fato de a mãe do seu amigo ter sido funcionária fantasma de seu gabinete? Como pode o parlamentar não saber quem trabalha ou trabalhou para ele, já que as nomeações e exonerações saem no Diário Oficial?

Quando foi eleito presidente, o peessedebista exonerou e nomeou diretores, fechou a gráfica que imprimia os diários secretos, pediu segurança da Polícia Militar, garantiu promover a moralização da Assembleia. Agora vemos que tudo foi “jogo de cena”. Assistimos indignados às alegações do tucano sobre o desconhecimento da fantasma sob suas asas.

Pelo jeito, apesar da promessa dos nobres parlamentares, após os escândalos descobertos no ano passado, pouca coisa mudou no Poder Legislativo do Paraná. E o pior: a esperança de que mudará caiu por terra agora, com o exemplo de imoralidade vindo do presidente da Casa — mesmo que a irregularidade tenha ocorrido antes de ele ocupar essa função.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Você sabe o que é dequeísmo?


Palavra estranha, não concorda, caro leitor? Mas, relaxe, não se trata de nenhum bicho de sete cabeças da língua portuguesa. Esse termo indica a presença, equivocada, da preposição de antes da conjunção integrante que.

Você já leu ou ouviu alguma frase e teve a impressão de que a preposição de sobrou? Certamente, pois algumas sentenças soam bem estranhas, denunciando a existência do erro. Ou, ao contrário, percebeu a ausência dela?

Para saber como grafar corretamente o conjunto de que, evitando o dequeísmo, ou deixando de usar a preposição quando necessária, deve-se prestar atenção na regência verbal. Isto é: se o verbo da frase pedir o de, esse precisa aparecer antes da conjunção. Se não pedir, não pode ser empregado — se a preposição estiver presente, configura-se o erro.

Eis alguns exemplos:

• Ouvi falar de que a proposta foi aceita. (errado)

Aqui o de está sobrando, pois o verbo falar não é regido pela preposição. Ouve-se falar algo, alguma coisa (ou algo de alguém), e não “de algo” ou “de alguma coisa”. 

• As irmãs concluíram de que o melhor seria não viajar este ano. (errado)

Elas concluíram algo (que seria melhor não viajar), não “de algo”.

• Gláucia e Fernando se esqueceram de que haviam prometido levar Bia ao cinema. (certo)

O verbo esquecer tem a seguinte regência: esquecer algo ou esquecer-se de algo — caso do exemplo acima.

• Os jogadores não gostaram da atuação do árbitro. (certo)

Gostar é verbo transitivo indireto, ou seja, gosta-se (ou não) de alguma coisa ou de alguém.

É isso. Até mais.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Não se socorre ninguém 'a' algum local; e sim, 'em'


Hoje pela manhã assisti a um repórter de tevê dizer que uma pessoa ferida foi socorrida “a um hospital”. Como já havia escutado isso antes, resolvi esclarecer qual é o erro nessa expressão.

É simples: o verbo socorrer é regido (pede) pela preposição em, portanto alguém é socorrido em um hospital. Talvez o que cause erro seja a ideia de que a vítima, após socorrida, acabe levada a um hospital. Mas é necessário prestar atenção, porque nesse caso o verbo é outro (levar), assim como sua regência.

Para evitar esse tipo de erro, deve-se saber qual a classificação do verbo, ou seja, se é transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto, ou intransitivo. A seguir, a diferença entre eles:

• Verbo Transitivo Direto (VTD): tem sentido incompleto, precisando de algum complemento. Esse complemento é o objeto direto, que não contém preposição. Veja:

Os agricultores do Oeste colheram safra recorde este ano.

O verbo colher é transitivo direto porque necessita de complemento. 

Na frase acima: safra recorde, também objeto direto.  

• Verbo Transitivo Indireto (VTI): também tem sentido incompleto e se liga com o complemento por meio de uma preposição. Esse complemento é o objeto indireto (substantivo ou pronome oblíquo, por exemplo).

As irmãs foram castigadas porque desobedeceram às ordens dos pais.

O verbo desobedecer é indireto porque necessita de complemento. 

No caso: às (preposição) ordens dos pais

• Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI): caracteriza-se por pedir dois complementos — objeto direto (sem preposição) e indireto (com preposição). 

Paguei o empréstimo ao meu irmão. 

Nesse exemplo, pagar algo (o empréstimo — objeto direto) a alguém (ao meu irmão — objeto indireto).

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sabe o que há de errado na canção 'Gostava Tanto de Você'?


Quem não se lembra da voz marcante do eterno Tim Maia? Cantor e compositor de grande talento, ele deixou muitas músicas de sucesso. E uma delas é o tema deste texto: Gostava Tanto de Você.

Gravada por Tim no início dos anos 70, e regravada por outros artistas até hoje, essa bela canção de Édson Trindade contém um equívoco gramatical em um dos versos. Observe:

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...

O problema está na ausência da preposição ‘em’ antes do pronome ‘que’. Pela letra, a intenção é a mudança para um local onde (em que, no qual) o pensamento não exista. Alguém ou algo existe, ou não, em algum lugar, portanto é obrigatório o uso da preposição.

Em nenhuma das gravações posteriores percebi a correção desse equívoco. Sei que os artistas praticam a chamada liberdade poética, muitas vezes para letra e música casarem, mas nesse caso creio que não haveria nenhum problema sonoro com a readequação daquele verso.

É isso.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Militares reacionários tentam tirar novela do ar


Em plena democracia, 26 anos após o fim do governo militar no Brasil, a sociedade assiste a uma atitude que remete à época da censura no país: militares fazem um abaixo-assinado pela internet, para tentar tirar do ar a novela Amor e Revolução, do SBT.

A produção, exibida há uma semana, já repercute na sociedade porque mostra — em rede nacional — as perseguições, torturas e assassinatos promovidos pelos militares golpistas. Além de apresentar cenas fortes, os capítulos são encerrados com depoimentos de pessoas que foram presas, torturadas ou tiveram parentes desaparecidos.

Os relatos assustam, causam indignação, fazem pensar como é possível deixar sem punição os criminosos fardados que impuseram ao Brasil 21 anos de intolerância e total desrespeito à democracia — o pior período da história nacional.

Felizmente, os militares podem espernear à vontade, pois o tempo de censura já ficou para trás. Eles não podem mais fechar instituições, prender cidadãos arbitrariamente, muito menos perseguir, torturar, assassinar e ocultar cadáveres. 

Assim como naquela época, quando nem todos os integrantes das Forças Armadas eram favoráveis ao golpe, creio que os atuais membros do Exército, Marinha e Aeronáutica — ou grande parte deles — não apoiem a iniciativa dos coordenadores do site responsável pelo abaixo-assinado (www.militar.com.br).

A liberdade, a democracia, a Constituição cidadã são conquistas do povo brasileiro. É graças a elas, inclusive, que tais reacionários podem manifestar-se para propor algo descabido, totalmente fora de cogitação hoje em dia. 

Essa é mais uma tentativa de abafar atos criminosos, de cercear debates sobre o tema, de evitar a mobilização social em busca de justiça. É o corporativismo pela censura. Mas desta vez não conseguirão calar na base da força, tampouco recorrendo a quem quer se seja. 

Viva a democracia!