terça-feira, 26 de abril de 2011

Você sabe o que é dequeísmo?


Palavra estranha, não concorda, caro leitor? Mas, relaxe, não se trata de nenhum bicho de sete cabeças da língua portuguesa. Esse termo indica a presença, equivocada, da preposição de antes da conjunção integrante que.

Você já leu ou ouviu alguma frase e teve a impressão de que a preposição de sobrou? Certamente, pois algumas sentenças soam bem estranhas, denunciando a existência do erro. Ou, ao contrário, percebeu a ausência dela?

Para saber como grafar corretamente o conjunto de que, evitando o dequeísmo, ou deixando de usar a preposição quando necessária, deve-se prestar atenção na regência verbal. Isto é: se o verbo da frase pedir o de, esse precisa aparecer antes da conjunção. Se não pedir, não pode ser empregado — se a preposição estiver presente, configura-se o erro.

Eis alguns exemplos:

• Ouvi falar de que a proposta foi aceita. (errado)

Aqui o de está sobrando, pois o verbo falar não é regido pela preposição. Ouve-se falar algo, alguma coisa (ou algo de alguém), e não “de algo” ou “de alguma coisa”. 

• As irmãs concluíram de que o melhor seria não viajar este ano. (errado)

Elas concluíram algo (que seria melhor não viajar), não “de algo”.

• Gláucia e Fernando se esqueceram de que haviam prometido levar Bia ao cinema. (certo)

O verbo esquecer tem a seguinte regência: esquecer algo ou esquecer-se de algo — caso do exemplo acima.

• Os jogadores não gostaram da atuação do árbitro. (certo)

Gostar é verbo transitivo indireto, ou seja, gosta-se (ou não) de alguma coisa ou de alguém.

É isso. Até mais.

8 comentários:

  1. Creio que não se trata só de regência verbal, mas nominal também. Veja: "A crença de que Deus existe levou muitos à discussão". Uma pergunta: há dequeísmo nesta frase: "O medo é de que ela não volte". Obrigado!

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    1. Obrigado pelo contato, Noblat. Sobre sua pergunta, não há dequeísmo na frase porque se tem medo de alguém ou de algo. No caso, medo de que ela não volte. Espero ter ajudado. Qualquer dúvida, escreva.

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  2. Muito bom,me ajudou bastante,oBRigado

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  3. Em 'Declarou a todos de que havia cometido fraude', há dequeísmo?

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    1. Olá. Há, porque o correto seria: "Declarou a todos que havia cometido fraude."

      O verbo declarar é transitivo direto e indireto. Portanto, declara-se algo ou algo a alguém.

      Na frase em questão, "a todos" é objeto indireto e vem regido pela preposição "a". Já "que havia cometido fraude" é objeto direto, não pedindo preposição, por isso o "de" é desnecessário.

      É isso. Espero ter ajudado.

      Obrigado pela leitura e pelo contato!

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  4. Em 'Afirmo de que ela foi ao cinema / que ela é uma boa aluna / que ela saía aos sábados', há dequeísmo?

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    1. Olá, caro(a) leitor(a). Há dequeísmo em "afirmo de que ela foi ao cinema". Isso porque o verbo afirmar não é regido por preposição, ou seja, é transitivo direto. Quem afirma, afirma algo, não de algo. Portanto, a frase correta é: "Afirmo que ela foi ao cinema, que ela é uma boa aluna, que ela saía aos sábados."
      É isso. Obrigado pelo contato.

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