Para muitos brasileiros, após a morte de Ayrton Senna, em 1994, a Fórmula 1 deixou de ser interessante. Para outros, a esperança da conquista de títulos recaiu sobre Rubens Barrichello e, mais tarde, Felipe Massa.
Mas a torcida, desde aquele fatídico 1º de maio, quando o tricampeão se foi, tem sido em vão. A “responsabilidade” de repetir os feitos de Senna foi transferida a Barrichello, piloto da Ferrari entre 2000 e 2006.
Na melhor equipe, os fãs da modalidade acreditaram que o Brasil teria mais um campeão. Entretanto as expectativas não se concretizaram, afinal, na escuderia italiana, também estava Michael Schumacher.
A combinação melhor carro/melhor piloto e o posto de número 1 no time fizeram o alemão marcar seu nome na história como o maior vencedor e detentor dos mais importantes recordes nas pistas, frustrando as expectativas brasileiras.
Mesmo preterido na Ferrari, Rubinho mostrou a sua competência, conquistando dois vice-campeonatos, nove vitórias, 25 segundos lugares, 21 terceiros lugares, além de poles e voltas mais rápidas. Assim, contribuiu muito para os cinco títulos de construtores da equipe italiana naqueles anos.
No entanto, o trabalho duro dele não foi reconhecido pelos brasileiros, que só queriam saber de títulos, e o piloto passou a ser alvo de muitas gozações e críticas. Mas a qualidade de Barrichello nunca deixou de ser reconhecida no mundo da Fórmula 1, tanto que ele detém o recorde de GPs disputados na história da categoria — mais de 300, desde 1993.
"Era Massa"
Em 2006, com o fim do contrato de Rubinho, a equipe italiana contratou outro brasileiro: Felipe Massa. As atenções e expectativas se concentraram no promissor e jovem piloto, também companheiro de Schumacher.
No ano seguinte, o alemão deixou as pistas, fazendo os brasileiros pensarem que Massa ocuparia um lugar de destaque no rol dos campeões. Contudo, ele não correspondeu — e ainda não corresponde — às expectativas dos torcedores.
A diferença entre ele e Rubinho é que Massa não é foco de gozações e injustiças. Na competência, o primeiro está muito à frente. E os resultados falam por si. Vale lembrar que nos últimos seis anos, o atual piloto da Ferrari — não tendo a concorrência direta e a preferência de Schumacher na equipe — também não chegou ao título mundial.
Com o equilíbrio restabelecido após a saída do heptacampeão, tanto em talento quanto na competitividade entre as três principais escuderias (Ferrari, McLaren e RBR), Felipe tem se mostrado o pior dos seis pilotos — à exceção de 2008, quando terminou em segundo lugar o campeonato.
É verdade que 2009 foi marcado por um grave acidente, porém nas temporadas anteriores “a esperança brasileira” foi superada pelo companheiro Kimi Räikkönen, em 2007, e pelos rivais Lewis Hamilton, em 2008, Jason Button, em 2009, e Sebastian Vettel, em 2010. E neste ano, após quatro GPs, Massa ocupa a sexta posição, com apenas 24 pontos.
Neste domingo será disputado o Grande Prêmio da Espanha, e ele largará em oitavo, atrás inclusive do russo novato Vitaly Petrov, da Renault, e do alemão Nico Rosberg, da Mercedes. Aos fãs, resta conferir seu desempenho, mas, recomendo, sem manter a esperança de um bom resultado, para evitar mais uma decepção no fim da prova.
Excelente texto.
ResponderExcluirObrigado, Otávio. Continue participando do blog!
ResponderExcluirDouglas...tenho uma opinião sobre a F1. Ayrton foi grande, foi diferenciado dos demais, mas devo admitir que ao contrario de 99% da população, eu torcia para o "rabugento" e "antipático" Nelson Piquet. Ele foi um dos melhores, senão o melhor "acertador de carro" que eu ja vi na F1. E isso que antes de Senna entrar na categoria, tinham pilotos incríveis, as disputas eram acirradíssimas, era realmente impressionante. Alias a cena de ultrapassagem mais espetacular que eu tenho em mente foi a de Nelson sobre Ayrton no GP da Hungria de 86. Isso não sei se vamos ter uma outra oportunidade de ver acontecer. Segue o link para posterior analise dos frequentadores do blog. (http://www.youtube.com/watch?v=GzX4UySRmqQ) Abraço Douglas !
ResponderExcluir*** Enquanto ao que você disse no post, devo admitir que tenho simpatia pelo Barrichelo, mas infelismente nao vejo um brasileiro com "pinta de campeão".
Concordo Vagner, disputas acirradas como antes estão longe de acontecer. Por isso eu gosto muito mais da Fórmula Indy.
ResponderExcluirÓtimo texto. Parabéns Douglas.
ResponderExcluirEu também admiro o Rubinho e acredito que ele fez, e faz, muito mais que o Massa.
Um abraço!
Ruy José M. Ratton
Grande Ruy, valeu por participar do blog. Apareça sempre!
ResponderExcluirApesar de estar beeeem atrasado em relação à data da postagem, estava lendo alguns posts antigos do seu blog (muito bom, diga-se de passagem) e não pude deixar, como fã incondicional da F1 desde o início dos anos 1980, de postar um comentário nesta nota.
ResponderExcluirRubens Barrichello efetivamente é um piloto tecnicamente mais qualificado que Felipe Massa e obteve resultados mais vistosos ao longo da extensa carreira. E, é importante destacar, NENHUM piloto permanece 18 anos ininterruptos sentado num cockpit de Fórmula 1 se não tiver MUITOS méritos, e Barrichello tem um dos principais para sobreviver na F1: é, incontestavelmente, dentre os pilotos em atividade, o melhor acertador de carro.
Porém, saindo um pouco da discussão sobre quem é o melhor piloto ou quem tem a tarimba necessária para "substituir" Ayrton Senna (como se isso fosse possível!) e virar o novo "herói nacional", é preciso fazer justiça.
Felipe Massa está prestando ao automobilismo brasileiro um serviço que nem mesmo Emerson Fittipaldi (dono da, até hoje, única equipe brasileira na F1), Nelson Piquet ou Ayrton Senna tiveram a capacidade de prestar. Com a criação da Fórmula Futuro, em parceria com a FIAT, Scuderia Ferrari e outros patrocinadores de peso, Felipe Massa tenta (pelo menos ele tenta!) superar a incompetência da CBA e fazer com que o automobilismo de monopostos sobreviva no Brasil.
Nós, brasileiros, só pudemos comemorar as vitórias de Fittipaldi, Piquet, Senna e tantos outros na F1 porque havia incentivo para a FORMAÇÃO de pilotos nas categorias de base dos monopostos. Havia F3, F2, Fórmula Ford, Fórmula Volkswagen, Fórmula Renault (mais recentemente), enfim, jovens talentos tinham onde aprender os segredos da pilotagem destas máquinas. Depois de um hiato de quase uma década sem competições oficiais de monopostos no país, a Fórmula Futuro trouxe novamente a esperança de que, ao sair do kart por volta dos 14, 15 anos, nossos jovens possam continuar sua formação no Brasil, gastando menos que na Europa (o caminho natural de TODOS os pilotos que querem seguir carreira em monopostos) e permanecendo perto da família e dos amigos.
Só pela coragem e ousadia de fazer acontecer uma competição oficial de monopostos no Brasil, diante de todas as dificuldades e da inoperância da CBA, e de permitir aos jovens que iniciem a construção de uma carreira de sucesso no Brasil, Felipe Massa faz pelo automobilismo brasileiro tanto quanto fizeram Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna com seus oito títulos mundiais de F1. Afinal de contas, ao oferecer formação de qualidade aos novos talentos (e até mesmo a oportunidade dada ao campeão da Fórmula Futuro de ser contratado pela Scuderia Ferrari), Massa permite que continuemos sonhando com o surgimento de novos Fittipaldis, Piquets, Sennas, Barrichellos, Castroneves, Kanaans e etcéteras em nossas pistas nos próximos anos.