Pode parecer estranho, mas a
vírgula deve ser usada antes da letra “e” em alguns casos.
Você sabe em quais?
Vamos a eles:
1º)
Orações com sujeitos diferentes.
Nesse caso, para evitar
ambiguidade, a vírgula precisa ser utilizada, separando os sujeitos da frase.
Ex.: O juiz marcou a falta,
e o jogador reclamou.
Perceba que a ação do juiz
se encerra. Se não for utilizada a vírgula, tem-se a impressão de que terá
continuidade, como nesta oração:
O juiz marcou a falta e deu cartão amarelo ao
jogador.
Ou então:
·
Minha prima foi ao cinema, e meu primo foi ao
show.
Sem a vírgula, a ideia é que a ação da prima prossegue:
Minha prima foi ao cinema e comprou pipoca antes da sessão.
Note a diferença nestes outros exemplos:
· O governo anunciou a medida, e a população
reclamou.
· O governo anunciou a medida e não agradou à
população.
·
A cantora recebeu o prêmio, e seus pais
ficaram emocionados.
·
A cantora recebeu o prêmio e ficou
emocionada.
2º)
Quando o “e” for conjunção adversativa.
O “e” é empregado com mais
frequência como conjunção aditiva, ou seja, para ligar palavras e orações,
com sentido de adição.
Ex.: Comprei uma calça preta
e uma camisa branca.
Mas também pode ser uma
conjunção adversativa, isto é, indicar relação de contrariedade, oposição –
sinônimo de: mas, porém, todavia, entretanto, contudo... Nesse caso é preciso virgular a frase. Veja:
O aluno estudou muito, e (mas) não passou no
exame.
· A candidata era a mais bonita, e (porém) não
foi a vitoriosa.
· O salão mudou para uma sede maior, e
(contudo) não ampliou os serviços.
3º)
Repetição da conjunção (polissíndeto).
Polissíndeto é a repetição
de uma conjunção na mesma frase, sendo opcional
o uso da vírgula.
A criança chorava e soluçava e gritava e reclamava.
· A criança chorava, e soluçava, e gritava, e
reclamava.
· Talvez viaje em outubro ou novembro ou
dezembro.
· Talvez viaje em outubro, ou novembro, ou
dezembro.
É isso. Até mais.
Olá, prof.Douglas, sempre tive dúvida quanto ao uso da vírgula após a letra "e". Suas dicas são bastante esclarecedoras. Contudo, antes por curiosidade, do que por impertinência - já que, implicitamente, ao se dispor elencar os casos do uso, deduz-se que tratou de todos -, as hipóteses são somente essas mesmo? É porque vejo profissionais renomados da escrita (jornalistas, articulistas, dispositivo de leis, autores de livros) utilizarem da vírgula em casos que não se enquadram nestes que foram descritos no texto. Será que eles fazem o uso por questões de estilo?
ResponderExcluirOlá, Peu. Obrigado pelo contato. Antes gostaria de esclarecer que não sou professor. Admiro esses profissionais, mas não tenho todo o conhecimento que eles têm, por ter estudado especificamente Letras. Sou jornalista e revisor e sempre tive interesse e gosto pelo português. Sobre sua pergunta, teria de ver alguns exemplos para poder responder, mas não creio ser uma questão de estilo o uso da vírgula em alguns casos. Abaixo deixo dois links de colunas que escrevi sobre o uso da vírgula. Espero que possam ser úteis a você. Abraço.
Excluirhttp://papoentrenos.blogspot.com.br/2010/11/em-pauta-virgula-parte-1.html
http://papoentrenos.blogspot.com.br/2010/11/em-pauta-virgula-parte-2.html