A enquete postada no blog revelou que a maioria dos leitores ainda tem dúvidas em relação ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Por isso republico hoje o texto explicando todas as mudanças. Se alguém precisar de mais esclarecimentos, basta perguntar que terei o máximo prazer em responder.
ALFABETO
Foram reintroduzidas as letras k, w e y no alfabeto, que passa a ter 26 letras.
O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
TREMA
O sinal gráfico indicador de trema (¨) deixa de ser usado sobre a letra u. Ele só se mantém em palavras estrangeiras e suas formas derivadas.
Exemplos: tranqüilo passa a se grafar tranquilo; qüinqüênio se escreve quinquênio; lingüiça — linguiça; sagüi — sagui. Entretanto o trema se mantém em Müller, mülleriano...
ACENTUAÇÃO
• Palavras paroxítonas formadas pelos ditongos abertos éi e ói perdem o acento agudo.
Exemplos: alcatéia — alcateia; apóia — apoia; bóia — boia; colméia — colmeia; geléia — geleia; jóia — joia; platéia — plateia; paranóico — paranoico.
• Paroxítonas com i e u tônicos após um ditongo também deixam de ser acentuadas.
Exemplos: bocaiúva — bocaiuva; feiúra — feiura.
• Não se utiliza mais o acento circunflexo em palavras terminadas em êem e ôo(s).
Exemplos: abençôo — abençoo; crêem — creem; enjôo — enjoo; lêem — leem; perdôo — perdoo; vêem — veem; vôo — voo; zôo — zoo.
• O acento diferencial deixa de ser usado em pares como: pára/para; péla/pela; pêlo/pelo; pólo/polo; pêra/pera.
Exemplos: A mulher pára de ler — A mulher para de ler; Os pesquisadores foram ao Pólo Norte — Os pesquisadores foram ao Polo Norte; Alice gosta de pêra — Alice gosta de pera; O cão tem pêlos longos — O cão tem pelos longos.
Exceções:
— O acento diferencial permanece para distinguir o pretérito perfeito do verbo poder (pôde) do presente do indicativo (pode).
Exemplo: O estudante não pôde fazer a lição ontem, mas hoje ele pode.
— Também é mantido o acento para diferenciar o verbo pôr da preposição por.
Exemplo: O pai vai pôr a fralda no bebê; Ela faz tudo por ele.
— Os verbos ter e vir permanecem acentuados para distinguir o singular e o plural. O mesmo ocorre com seus derivados, como manter, reter, intervir, conter, convir...
Exemplos: Amanhã, Simone tem prova; Os atletas têm de treinar muito; No verão, o vento mantém a temperatura mais amena; A chuva e o frio mantêm as pessoas em casa.
— Passa a ser facultativo o acento circunflexo para diferenciar as palavras forma e fôrma.
• Não é mais usado o acento agudo no u tônico das formas tu, ele e eles dos verbos arguir e redarguir.
• Verbos terminados em guar, quar e quir se forem pronunciados com a ou i tônico levam acento.
Exemplo: verbo enxaguar — enxáguo, enxáguas, enxáguam, enxágue, enxágues, enxáguem; verbo delinquir — delínquo, delínques, delínque, delínquem, delínqua, delínquas, delínquam.
Exceção: quando pronunciadas com u tônico, essas formas não recebem acento.
Exemplo: enxaguo, enxaguas, enxaguem, delinquo, delinquem, delinquam.
HÍFEN
• Com prefixos, o hífen é utilizado sempre diante da palavra iniciada por h.
Exemplos: anti-higiênico, co-herdeiro, mini-hotel, sobre-humano, super-homem.
Exceção: subumano.
• Não se utiliza hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal que inicia o termo seguinte.
Exemplos: agroindústria, antiaéreo, antieducativo, autoescola, coautor, extraescolar, infraestrutura, semiextensivo, semianalfabeto.
• O hífen também não é usado quando o prefixo termina em vogal e o segundo termo começa por consoante diferente de r e s.
Exemplos: anteprojeto, autopeça, coprodução, pseudomédico, seminovo, ultramoderno.
Exceção: o hífen é utilizado sempre com o prefixo vice.
• Quando o prefixo terminar em vogal e o elemento seguinte começar por r e s, não se usa hífen; apenas são duplicadas essas letras.
Exemplos: antirrábica, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, cosseno, microssistem, minissaia, neorrealismo, semirreta, ultrassom.
• Utiliza-se o hífen quando o prefixo terminar por vogal e o segundo elemento iniciar pela mesma vogal.
Exemplos: anti-inflamatório, anti-inflação, auto-observação, contra-almirante, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando esse se inicia por o: coobrigar, coordenar, cooperar, cooptar...
• Se o prefixo terminar com consoante e o elemento seguinte começar pela mesma consoante, também se usa o hífen.
Exemplos: hiper-rápido, inter-regional, sub-base, super-ríspido, super-resistente.
— Nos demais casos, não se utiliza o hífen. Exemplos: hipercaro, interpaíses, superamigo, superveloz.
— Com o prefixo sub, o hífen também é usado antes de termo iniciado por r. Exemplo: sub-raça.
— Com os prefixos circum e pan, usa-se hífen antes de palavras iniciadas por m, n e vogal. Exemplos: circum-navegação, pan-nacional, pan-americano.
• Se o prefixo terminar por consoante e o termo seguinte iniciar por vogal, não se usa hífen.
Exemplos: hiperativo, interestadual, superinteressante, supereconômico.
• O hífen é usado sempre com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré e pró.
• Utiliza-se hífen com os sufixos de origem tupi-guarani.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
• Não se usa hífen em palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos: mandachuva, paraquedas, pontapé.
• Se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos: Ontem, dizia-
-se que iria chover.
O bem-te-
-vi voa muito rápido.
• Palavras compostas ligadas por conectivos (a, e, de, que, com, sem...) só mantêm o hífen se referentes à botânica ou zoologia.
Exemplos: banana-da-terra, bem-te-vi, boca-de-leão, castanha-do-pará, cedro-do-líbano, copo-de-leite, canário-do-reino, erva-de-passarinho, espada-de-são-jorge, joão-de-barro,maria-sem-vergonha, pimenta-do-reino, tigre-de-bengala, urubu-rei.
Nos demais casos, o hífen não é utilizado:
Veja: dia a dia, pé de moleque, corpo a corpo, passo a passo, cavalo de pau, disse que disse, leva e traz, faz de conta, feijão com arroz, ir e vir, lua de mel, maria vai com as outras, mestre de cerimônias, mestre de obras, mão de obra, olho de sogra, olho da rua, pão de ló, pai de santo, pau de sebo, pau de arara, pé de vento, pé de valsa, ponto de venda, preto e branco, rabo de cavalo, rabo de saia, salve se quem puder, testa de ferro, vira e mexe...
Atenção: Nos substantivos compostos sem conectivo, o sinal deve ser mantido — inclusive nos de procedência. Acompanhe alguns casos: algodão-doce, bem-apessoado, caminhão-pipa, desmancha-prazer, editor-chefe, fórmula-grama, guarda-roupa, hotel-fazenda, lesa-pátria, mato-grossense-do-sul, rio-grandense-do-norte, navio-petroleiro, ordem-unida, papel-alumínio, quartel-general, recém-nascido, saia-justa, terceiro-mundista, verde-musgo, zero-quilômetro.