terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tortura no Brasil era corriqueira, diz militar acusado dessa prática

A vida está boa para Maurício Lopes Lima, morador da Praia das Astúrias, no Guarujá, litoral do estado de São Paulo. É lá que o tenente-coronel reformado do Exército gasta seu polpudo soldo e curte a paisagem bonita e calma.

Nada contra quem tem essa possibilidade, mas tudo contra a impunidade. Lima é acusado pelo Ministério Público Federal de ter participado da morte de seis presos políticos e ter torturado 20 pessoas durante a ditadura no Brasil — entre suas vítimas, a presidente Dilma Rousseff.

O militar foi localizado pelo repórter Ricardo Galhardo, do Portal IG, e disse que as práticas desumanas nos porões do DOI-CODI eram “corriqueiras”. Embora a ação pública tenha como base 39 documentos, inclusive com o depoimento de Dilma e do frade dominicano Tito de Alencar Lima, o frei Tito, reconhecendo Lima como torturador, ele negou todas as acusações. E ainda foi irônico ao comentar: “Se soubesse naquela época que ela seria presidenta teria pedido: ‘Anota meu nome aí. Eu sou bonzinho’.”

Ainda no texto, publicado na segunda-feira, Galhardo relata um trecho do depoimento de frei Tito, que diz na ação do MP: “O capitão Maurício veio buscar-me em companhia de dois policiais e disse-me: ‘Você agora vai conhecer a sucursal do inferno’.” E lá teria sido agredido com tapas nas orelhas, recebido choques elétricos, e apanhado de outras formas.

Esses e outros militares acusados de torturar, assassinar e ocultar cadáveres, entre outros crimes, vivem tranquilamente, como se nada tivesse ocorrido, enquanto centenas de famílias e amigos de presos políticos ainda sofrem com as crueldades cometidas no período da ditadura e com a falta daqueles que estão desaparecidos até hoje.

O Brasil está na contramão do que ocorre em outros países sul-americanos, os quais punem os bandidos do regime militar. Aqui a Lei da Anistia fez um desfavor à sociedade, perdoando os golpistas criminosos, perseguidores, assassinos... E eles vivem bem, negando as acusações, defendendo o golpe de 64, e fazendo piadinhas, como no caso de Maurício Lopes Lima. Isso é revoltante!

Leia a matéria e a entrevista no: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/acusado+de+torturar+dilma+leva+vida+tranquila+no+guaruja/n1237841186503.html

sábado, 27 de novembro de 2010

À medida que, à proporção que, ao passo que

Estas três locuções conjuntivas têm como finalidade ligar duas ou mais sentenças, indicando relação proporcional entre elas. É necessário destacar que não apresentam a preposição “em”, ou seja, nunca escreva ou fale: à medida em que, à proporção em que, ao passo em que.

Veja um exemplo correto:

• O aprimoramento profissional ocorre à medida que os anos passam.

Essa frase poderia ser escrita ainda com as outras duas locuções conjuntivas:

• O aprimoramento profissional ocorre ao passo que os anos passam.

• O aprimoramento profissional ocorre à proporção que os anos passam.

Mas preste atenção: a conjunção à medida que não deve ser confundida com na medida em que. Essa também é uma locução conjuntiva, porém causal — nada tem a ver com a proporcional, pois indica relação de causa/consequência ou efeito.

Para saber quando empregá-la basta substituí-la por: porque, visto que, já que, uma vez que, tendo em vista que.

Acompanhe:

• A reunião foi cancelada na medida em que (porque/visto que/já que...) quase ninguém compareceu.

• Você poderá escolher onde trabalhar na medida em que (uma vez que/tendo em vista que...) foi o primeiro colocado no concurso.

Então não confunda à medida que (proporção) e na medida em que (causa/consequência).

É isso.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Momento de pôr ordem na casa

O Rio de Janeiro vive dias de cão. Tiroteio, feridos, mortos, veículos queimados, confusão, medo... Conhecido mundialmente como a “Cidade Maravilhosa”, o atual cenário nada tem a ver com sua fama e preocupa não apenas a população local, mas turistas, autoridades brasileiras e todos que estimam a paz e a ordem social.

Após o início do terror espalhado pelos traficantes com os incêndios em carros e ônibus, o governo estadual começou uma ação repressiva em massa. E isso realmente é necessário, afinal não se pode tolerar que os traficantes tomem as ruas e aterrorizem a população.

Esses criminosos estão perdendo seus territórios nos morros, com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora. As UPPs marcam a presença do Estado nas comunidades antes controladas pelos traficantes, o que desorganiza e traz prejuízos financeiros às quadrilhas. Desesperados, os bandidos respondem com ataques à sociedade.

Por isso o efetivo policial foi reforçado e ocupou a cidade, principalmente o atual reduto dos bandidos, a Vila Cruzeiro. Mais de 40 traficantes foram presos; toneladas de drogas e muitas armas acabaram tiradas de circulação. E esse trabalho duro deve prosseguir; é hora de mostrar que a ação repressiva do Estado é eficaz.

Infelizmente os atos criminosos não cessarão repentinamente, da noite para o dia. Entretanto se o atual trabalho deixar de ser realizado, as investidas das quadrilhas ganharão força. A polícia não pode recuar, deve fortalecer sua estrutura e suas atividades, como ocorre com a cessão de equipamentos pela Marinha.

A Força Nacional de Segurança também deveria ser empregada para fortalecer a repressão, pois é urgente restabelecer o clima de segurança. O cidadão, a cidade, turistas, o país, ninguém merece ficar refém da criminalidade, sentir medo nas ruas, alterar sua rotina devido a ações terroristas de traficantes que pensam ser donos do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tem problema com a Justiça? Ligue pro Gilmar!

Que a Justiça no Brasil é lenta e deixa a desejar, todo mundo sabe. Que ela beneficia os ricos, também! E o maior exemplo vem da mais alta côrte nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente na pessoa do ministro Gilmar Mendes.

Ontem saiu a sentença do médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de reclusão por estupro e atentado violento ao pudor. Na teoria, uma pena severa, apropriada diante da monstruosidade que ele cometia com suas pacientes. Mas, na prática, abrandada por alguns fatores que — embora totalmente legais — reforçam a ideia de que a Justiça no Brasil é aplicada com mais rigor aos pobres.

O principal é que o médico, cujo registro profissional foi cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, responderá em liberdade e poderá permanecer assim até esgotar a possibilidade de seus advogados recorrerem — podendo levar anos.
Um exemplo clássico dessa benevolência da Justiça com quem tem dinheiro e influência é o caso do jornalista Pimenta Neves, assassino confesso da ex-namorada Sandra Gomide, em 2000, ainda livre apesar de ter sido condenado a 15 anos de reclusão.

Embora tenha ficado preso entre 17 de agosto e 24 de dezembro do ano passado, Roger Abdelmassih foi posto em liberdade por determinação do ministro Gilmar Mendes, do STF. Para quem não lembra, Mendes adora intervir a favor de ricos envolvidos em casos de repercussão nacional.

Ele foi o responsável pelos dois habeas corpus favoráveis ao banqueiro Daniel Dantas, preso duas vezes por ordem judicial após a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, em 2008. Mendes também foi o defensor no STF da dispensa do diploma para exercer o jornalismo. Ah, e é ainda aquele quem o colega ministro Joaquim Barbosa acusou de envergonhar a Justiça brasileira.

Então como acreditar no Judiciário? Como não pensar que ele pune mais rigorosamente os pobres, sem recursos financeiros para pagar advogados até um processo ser julgado em última instância?

Por tudo isso, nada melhor que ser amigo do Gilmar Mendes. Assim, diante de alguma “bronca”, basta ligar pra ele ou impetrar um pedido de habeas corpus quando o ministro estiver de plantão no STF!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O preconceito me enoja

Daqui a 40 dias termina o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro operário a governar o Brasil. Após oito anos de um bom governo, e com a popularidade jamais alcançada por outro chefe do Executivo nacional, é lamentável saber que o preconceito contra ele ainda permeia a sociedade.

Este texto surgiu de minha indignação ao presenciar uma conversa de três senhores hoje pela manhã em uma padaria. Numa mesa próxima a que eu estava, eles conversavam sobre o país, mais precisamente a respeito da continuidade do PT na Presidência. O amargor de oposicionistas derrotados era notório. Mesmo discordando das opiniões emitidas, respeito a visão alheia, afinal vivemos uma democracia.

Em determinado momento, um dos senhores comentou: “Me parece que Dilma é mais inteligente que o Lula”. Em seguida, outro disse: “Bom, mas isso não é muito difícil”. Ao ouvir essa declaração preconceituosa, emiti um riso de canto de boca e quase me intrometi na conversa para dizer poucas e boas àquele sujeito. Mas segurei meu ímpeto a pedido de minha esposa.

Defendo que as pessoas possam emitir livremente suas opiniões, como garante a Constituição federal, porém o preconceito — seja ele qual for — me enoja. Quando escutei aquela frase, pensei: “Queria ver você lá na Presidência, se teria a capacidade de governar um país”. Fiquei convencido de que quem traz dentro de si o preconceito contra um operário nordestino, ex-líder sindical, é limitado o bastante para reconhecer os avanços nos últimos oito anos.

Felizmente indivíduos assim são a minoria, pois ser oposicionista — mesmo os ainda inconformados com a recente derrota na campanha presidencial — não significa ter o direito de desqualificar adversários de forma preconceituosa; principalmente se a referência for a um presidente respeitado fora do país, inclusive por chefes de nações mais desenvolvidas, e que no Brasil encerra seu mandato com mais de 80% de aprovação entre a população como um todo, não somente no estrato social menos politizado ou mais pobre.

Abaixo qualquer manifestação rancorosa, preconceituosa!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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Concordância verbal em frases com porcentagem


Até alguns dias atrás, na época das eleições, a mídia divulgava pesquisas de intenção de voto. Nelas eram apontados os índices dos candidatos, de votos nulos e brancos e de eleitores indecisos. Resultados à parte, meu objetivo é tratar da concordância verbal em sentenças que apresentam porcentagem.

Nos exemplos a seguir, qual das opções é a correta?

• A pesquisa apontou que 10% do eleitorado estão indecisos.

• A pesquisa apontou que 10% do eleitorado está indeciso.

Se você respondeu a segunda, acertou. O motivo é simples: em frases com porcentagem, a concordância é feita com o termo mais próximo após o numeral. Se ele estiver no singular, o verbo não se flexionará. No exemplo, “eleitorado”.

E se a palavra que acompanha o numeral fosse “eleitores? Nesse caso haveria a flexão:

• A pesquisa apontou que 10% dos eleitores estão indecisos.

O verbo também permaneceria no plural caso a porcentagem não viesse seguida do especificador (eleitorado ou eleitores):

• A pesquisa apontou que 10% estão indecisos.

Vamos a outro exemplo:

• Segundo informou o sindicato, 60% da frota está parada.  

• Segundo informou o sindicato, 60% dos ônibus estão parados. 

• Dos ônibus da frota, 60% estão parados. 

Se não houver especificador, o verbo posposto ao numeral não se flexionará caso a porcentagem seja inferior a 2%. Se ela atingir esse índice, haverá a flexão.

• Somente 1% afirmou que não votaria em nenhum dos candidatos.

• Dos eleitores consultados, 1,9% disse preferir anular o voto.

• De acordo com a pesquisa, 2% votariam em branco.

É isso. Até mais.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Atenção para o verbo ver no futuro do subjuntivo

O verbo ver tem uma peculiaridade quando conjugado na primeira e na terceira pessoa do futuro do subjuntivo (sempre iguais), levando ao erro, muitas vezes, quem o escreve ou fala. Isso porque ele se transforma no verbo vir.

Antes dos tradicionais exemplos explicativos, é bom lembrar que o subjuntivo indica algo hipotético, duvidoso, provável. E o seu futuro é usado com “quando” ou “se”. 

Veja alguns casos do verbo ver:

• Se eu o vir, pedirei para que telefone a você.

• Ela ficará despreocupada apenas quando vir uma saída para o problema.

As frases estariam erradas se o verbo tivesse sido empregado no infinitivo (sua forma natural — ver).

E no caso do verbo vir, como ficaria o futuro do subjuntivo? Simples: vier

Acompanhe os exemplos:

• Manoela prometeu vir ao nosso evento; se ela vier ficaremos contentes. 

• Quando eu vier aqui novamente, trarei o livro de português.

Portanto, nunca use “ver” acompanhado de “quando” e de “se”.

É isso. Até breve.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Despercebido/desapercebido; vultoso/vultuoso

O leitor lembra o que são parônimos? São palavras parecidas na grafia e na pronúncia, porém bem diferentes no significado. A língua portuguesa possui vários casos, o que muitas vezes confunde as pessoas. Hoje vou esclarecer as do título deste texto. Vamos lá!

1)    Despercebido: significa sem ser notado.

• O erro naquele livro passou despercebido pelos leitores.

• Sabrina entrou despercebidamente em casa.

2)    Desapercebido: o mesmo que desprovido, desprevenido.

• Lagartas são desapercebidas de asas antes da metamorfose para borboletas.

• Ivan passou vergonha ontem porque estava desapercebido de dinheiro.

3)    Vultoso: sinônimo de volumoso, de grande valor, de vulto.

A polícia conseguiu recuperar uma quantia vultosa roubada do banco.

O silo da empresa comporta quantias vultosas de grãos.

4)    Vultuoso: indica vultuosidade, inchaço, vermelhidão.

O garoto ficou com a boca vultuosa após a queda.

Inflamações costumam deixar os locais afetados vultuosos.

Por hoje é isso. Se o leitor tiver alguma sugestão de texto, fique à vontade para pedir. Até mais.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Acerte ao delimitar período de tempo ou espaço

Bom dia, caro leitor. Neste primeiro texto inédito do blog vou abordar o uso de duas locuções que delimitam período de tempo e espaço: entre "tanto" e "tanto" / de "tanto" a "tanto".

Observe o negrito em ambas as expressões. O motivo é realçar que, no primeiro caso, a conjunção "e" deve ser utilizada depois da preposição "entre" — não a preposição "a". 

Eis dois exemplos:

• A pesquisa será feita entre janeiro e abril. 

• O trecho mais difícil da corrida é entre os quilômetros 13 e 16.

É comum encontrar em textos o emprego equivocado da preposição "a" no lugar da "e". 

Portanto, as frases acima estariam mal construídas assim:

• A pesquisa será feita entre janeiro a abril.

• O trecho mais difícil da corrida é entre os quilômetros 13 a 16.

O uso correto da preposição "a" ocorre na expressão "de tanto a tanto".

• A primavera vai de 23 de setembro a 21 de dezembro.

• O recape asfáltico se estenderá do quilômetro 5 ao 10.

Então não confunda, grafe a conjunção "e" apenas na locução "entre tanto e tanto" para designar um período de tempo ou espaço geográfico.

É isso.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Estreia do blog

Olá, caro leitor, este é o texto incial do meu blog. Hoje não vou publicar material inédito, tanto das dicas de português quanto de opinião, apenas vou convidá-lo a inserir o Papo Entre Nós no rol de seus sites preferidos. A intenção é ajudar a esclarecer algumas dúvidas sobre nosso idioma e dividir com você minha visão sobre temas relevantes. 

Espero que você goste do conteúdo e interaja comigo por meio de sugestões, críticas ou/e questionamentos. Enfim, fique à vontade. Abaixo eu publico meus textos veiculados até hoje no Megafone, o portal de cidadania de Foz do Iguaçu. Se ainda não os leu, talvez algum seja do seu interesse. Boa leitura!

Domingo é dia de eleger Dilma Rousseff

O dia 31 de outubro vai entrar para a história brasileira como a data em que o país elegerá, pela primeira vez, uma mulher para a Presidência da República: Dilma Rousseff. A candidata petista representa a continuidade de uma política social e econômica aprovada pela população nos últimos oito anos. A maior prova disso são os 80% de aprovação do presidente Lula, às vésperas do fim de seu mandato.

Os eleitores confiam no histórico de Dilma e sabem que sua administração seguirá o modelo do atual governo, garantindo, acima de tudo, a inclusão social para os mais pobres, a melhoria de vida à classe média, bem como, por consequência, bons frutos também à elite, representada por grandes empresários. Afinal o desenvolvimento nacional faz todos ganharem, não exclui ninguém. 

Mas, além de garantir o prosseguimento das ações que obtiveram sucesso, a candidata tem a missão de corrigir o que não saiu como planejado. O Brasil melhorou com o presidente Lula, isso é inegável — pelo menos para quem quer ver —, entretanto há muito a se fazer. E com Dilma o país irá explorar os recursos do pré-sal, com a certeza de que os lucros serão aplicados na melhoria das condições de vida dos brasileiros — por meio de investimentos em vários setores, não caindo na mão de empresas privadas.

A presidente continuará os programas sociais, tirando outros milhões de pessoas da pobreza, propiciando, assim, o consumo de mais produtos por mais consumidores. Com a desoneração tributária, a exemplo do IPI, bens duráveis também serão adquiridos. Essas medidas já tiveram resultados positivos no atual governo, fomentando a produção industrial e o comércio.

O salário também terá mais poder de compra, com o barateamento de mercadorias, e o trabalhador poderá ter mais tranquilidade para pagar as contas. Até alguns “luxos”, como viajar de avião ou trocar de carro, continuarão acessíveis para mais brasileiros. 

Com a nova presidente e sua política, o país manterá a credibilidade internacional, atrairá investidores e mais turistas estrangeiros. O comércio com outras nações continuará em alta, fortalecendo a cada dia a balança comercial. Ah, e o Brasil ainda será credor do Fundo Monetário Internacional (FMI) — condição contrária da que ocupou em governos anteriores, especialmente no tucano. 

Ao eleger Dilma no domingo, os eleitores começarão 2011 certos sobre o crescimento do país, sem o temor de vê-lo retroagir nas mãos da corrente neoliberal — a mesma que depredou o patrimônio nacional, não gerou empregos, afugentou investidores internacionais, deixou de lado os mais pobres, priorizou interesses dos ricos.

Por isso vá votar confiante, orgulhoso, pois o Brasil aprendeu a reconhecer quem mente, representa apenas a elite, não respeita planos de governo e compromissos de campanha; aprendeu a dizer não aos tucanos e “demos”!

(Texto publicado no site Megafone em 29 de outubro de 2010)

Perda ou perca?

É comum o emprego errado dessas duas palavras, especialmente a troca do substantivo pela forma verbal de perder. Perda significa privação, extravio, sumiço, dano, prejuízo... Perca é uma derivação do verbo perder, com influência de suas formas verbais com o radical “perc”.

Vamos aos exemplos, para melhor compreensão:

• Com a perda dos ingressos, o casal não pôde assistir ao concerto.

Note que perda é sinônimo de sumiço, extravio; portanto, um substantivo.

• Meu vizinho ainda não superou a perda dos pais.

Aqui, perda também é um substantivo, com a ideia de morte, privação.

Então, em ambos os casos, nunca use “perca”.

• O patrão não admite que se perca (gaste) tempo com conversas improdutivas.

Eis um caso de derivação do verbo perder no presente do subjuntivo (que eu perca; que tu percas; que ele perca...).

• Não perca oportunidades na vida, pois elas podem não voltar.

Nesse sentido perca também provém do verbo perder e significa deixar passar, abrir mão...

Enfim, é fácil perceber que nos dois últimos casos não cabe o substantivo perda. Já nos casos em que ele couber, não o confunda com perca.

É isso. Até mais.

(Texto publicado no site Megafone em 26 de outubro de 2010)

Não erre o gênero de ‘dó’ e ‘somatório’

Caro leitor, alguma vez você já deve ter ouvido uma pessoa dizer que teve “uma dó”, assim como pode ter escutado, ou lido, a palavra “somatória”. Se ficou em dúvida quanto ao gênero desses termos, saiba que ambos são masculinos — o dó e o somatório.
 
Mas o que leva alguém a usá-los erroneamente? Possivelmente a confusão devido a um sinônimo feminino de dó — pena — e a uma falsa derivação de soma. Ao dizer que teve “uma dó”, “muita dó”, “tanta dó”, a pessoa pode ter imaginado, inconscientemente, “pena”. Veja:

• Tive “tanta” dó (pena) quando vi os meninos de rua.

A frase estaria correta se tivesse sido grafada:

• Tive tanto dó quando vi os meninos de rua.

Ou:

• Tive tanta pena quando vi os meninos de rua.

O mesmo ocorre com somatório:

• A promoção de Alfredo se deu por um somatório de fatores.

Ou:

• A promoção de Alfredo se deu por uma soma de fatores.

Nunca:

• A promoção de Alfredo se deu por “uma somatória” de fatores.

Perceba que cada substantivo, mesmo os sinônimos, tem seu gênero.

É isso. Até a próxima.

(Texto publicado no site Megafone em 9 de outubro de 2010)

A difícil tarefa de votar para governador do Paraná

Será que os dois principais candidatos realmente priorizariam os interesses dos trabalhadores?

Faltam apenas seis dias para as eleições, e as campanhas estão na reta final. Como sempre, a troca de acusações e de grosserias marca os programas eleitorais e os debates. Os candidatos tentam desqualificar seus adversários e apontam as falhas alheias durante os mandatos de rivais, seja no Executivo ou Legislativo.

Aqui no Paraná a corrida eleitoral está equilibrada entre as duas maiores coligações. Quem vencerá é uma incógnita, mas uma coisa é praticamente certa: tanto o tucano quanto o pedetista não estarão verdadeiramente comprometidos com o trabalhador paranaense.
Por mais que prometam governar para a população mais necessitada e para a classe média, alguns fatores apontam uma realidade diferente. Eis os dois principais:

O entreguismo — Como se sabe, os tucanos comandaram o governo federal por oito anos, e o resultado foi extremamente prejudicial ao país; tanto que o ex-presidente não conseguiu eleger seu sucessor e foi deixado de lado na atual campanha.
Uma vez no Governo do Estado — e de acordo com a ideologia do partido e dos demais da coligação —, o tucanato implantará sua política de privatização, de entreguismo do patrimônio público, de atendimento prioritário ao interesse da elite paranaense. E o pior: de volta ao poder, promoverá o retorno das mesmas pessoas que compuseram o governo de Jaime Lerner, ex-PFL — atual DEM!

Para quem não lembra, é bom ressaltar que durante a gestão dele foi implantado o pedágio no Paraná. Não bastasse isso, no final da administração de Lerner os contratos foram revistos, desobrigando as concessionárias a investir nas estradas. Obras de verdade — como duplicações, viadutos, trincheiras, enfim, estruturas para dar segurança aos motoristas — foram retiradas do rol de obrigações das empresas.

Não obstante, outras aberrações administrativas fizeram parte daquele governo. Por exemplo: a venda do Banestado, extremamente prejudicial ao estado; a entrega de comando da Sanepar a um grupo francês, detentor da minoria das ações; a tentativa de privatização da Copel, por meio de indecentes trocas de favores com alguns deputados.

E ainda há o fato de o atual candidato a vice-governador ter mostrado ao país total falta de ideologia política, pois foi eleito senador pelo PT e depois mudou para o PSDB — atitude imensamente incoerente do ponto de vista político-partidário e uma afronta a seus eleitores.

Por esses e por outros motivos, eleger tucanos e coligados para administrar o Paraná provocará um retrocesso no desenvolvimento econômico-social e uma possível dilapidação do patrimônio e interesse públicos.

O patronato — Por outro lado, eleger o candidato senador para o Executivo estadual é um risco para quem preza pelos direitos do trabalhador. Ele mesmo confessou em um debate ter apresentado dois projetos para acabar com a multa de 40% no caso de demissão sem justa causa.

Seu argumento para justificar a retirada da proposta — após repercussão negativa — foi que, em conversa com centrais sindicais, percebeu a possibilidade de prejuízo aos trabalhadores. Mas será que o experiente parlamentar não imaginou as possíveis consequências de seus projetos, precisando ser alertado pelos sindicatos? Essa justificativa não pegou nada bem, tamanha sua fraqueza.

Outro detalhe, o atual pedetista também revela que a política continua suja no Brasil. Afinal quem não se lembra dos ataques e bate-bocas com o ex-governador Roberto Requião na campanha passada? Há cerca de quatro anos os dois se digladiavam pelo voto do povo paranaense, posição de confronto mantida até este ano. De repente as ideias divergentes e as ofensas parecem não ter existido, e agora estão abraçados pedindo voto um para o outro. Pura hipocrisia!

Diante de tudo isso, votar para governador do Paraná será uma tarefa difícil. Talvez o melhor seja optar por algum dos demais candidatos, aqueles que passam quase despercebidos no horário eleitoral, contam com poucos recursos para campanha, e às vezes sofrem preconceito ou são estereotipados por serem desconhecidos da maioria dos eleitores. Não seria o caso de se fazer uma reflexão e buscar mais conhecimento de suas propostas?

Ainda há tempo, basta acessar seus portais na internet — espaço verdadeiramente democrático na mídia — e analisar se os planos de governo não são melhores que os propostos pelas figurinhas carimbadas da política paranaense.

(Texto publicado no site Megafone em 27 de setembro de 2010)

Verbo haver indicando tempo decorrido

É comum as pessoas se enganarem quando grafam o verbo haver representando noção de tempo. Em algumas situações podem surgir dúvidas se ele deve ser empregado ou pode ser substituído pela preposição “a”. Analise estas duas frases:

Os irmãos não se veem a cinco anos.

Os irmãos não se veem há cinco anos.

Qual delas está correta e por quê?

A resposta é simples: a segunda, na qual foi empregado o verbo haver, indicando tempo decorrido. Ou seja, para expressar algo que já ocorreu, ele é utilizado. Se pairar alguma dúvida, basta substituir o “haver” pelo “fazer”. Veja:

Os irmãos não se veem faz cinco anos.

Esse exemplo aponta um período transcorrido de anos (tempo), deixando clara a necessidade de aplicação do verbo haver.

• Já quando a frase apontar que algo ainda vai ocorrer, usa-se a preposição “a”. Observe os exemplos:

Mãe e filho se encontrarão daqui a um ano.

O filme está a cinco minutos da estreia.

• Outro caso em que a preposição “a” é utilizada se dá para indicar distância. Acompanhe:

A cidade mais próxima está localizada a 25 quilômetros.

O supermercado fica a 300 metros da minha casa.

Por ser míope, João aproxima o livro a centímetros dos olhos.

Portanto nunca use o verbo haver nesse sentido, isto é, para exprimir distância.

É isso, até a próxima.

(Texto publicado no site Megafone em 23 de setembro de 2010)

Um exemplo de mudança da realidade brasileira

Ascensão social é notória, para o desgosto de uma elite egoísta e preconceituosa

Nos últimos anos a condição de vida da população brasileira melhorou, e isso é nítido diante do crescimento do poder aquisitivo e da compra de bens por mais pessoas das classes menos favorecidas. A política de inclusão social, com melhor distribuição de renda e isenção de impostos, por exemplo, teve como consequência uma maior comercialização de computadores, eletrodomésticos, veículos e imóveis, mudando a realidade em todo o país.

Isso foi comprovado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE e divulgada na última sexta-feira, e entre suas revelações está um dado socioeconômico digno de respeito: nos últimos cinco anos, o total de trabalhadores domésticos com carteira assinada subiu 20%, e ano passado eles eram 7,2 milhões — 12% a mais que em 2008.

Para ilustrar esse dado, o portal de notícias G1 publicou uma matéria muito interessante no dia 19, intitulada “Nova doméstica tem carro zero e faz faculdade”. Os repórteres Carolina Lauriano, Mariana Oliveira e Pedro Triginelli mostraram a realidade de algumas domésticas no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. As profissionais entrevistadas têm bons salários, veículos financiados e cursam faculdades. A presidente do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo também foi entrevistada e confirmou a mudança no perfil da categoria.

O novo cenário é uma conquista para aquela classe trabalhadora — essencial em milhares de lares brasileiros e injustamente, ainda em muitos locais, sem o reconhecimento merecido. Esse crescimento de nível social, viabilizado na gestão do governo Lula, é sinal de que a atual política vem trazendo resultados positivos em todos os estratos da sociedade.

Enquanto tal conquista é bem-vista pela maioria do povo, segmentos mais elitizados — especialmente os paulistas, que defendem e sustentam seus representantes na vida pública — manifestam-se preconceituosamente, de forma egoísta e míope, tentando evitar a continuidade de um governo trabalhista.

E pior que constatar uma tentativa de golpe pela classe A, utilizando veículos de comunicação como tevês, jornais e revistas de circulação nacional, é ver pessoas preconceituosas de outras classes sociais não admitirem o bom governo de um operário e sindicalista, por antipatia à sua figura.

É óbvio que a gestão está longe da perfeição, apresenta equívocos, medidas incoerentes com sua ideologia, entretanto a atual linha deve ser mantida, corrigindo os desacertos e dando prosseguimento às estratégias de desenvolvimento ao país. O que não pode ocorrer é o retorno ao poder — seja nos estados quanto na esfera federal — dos representantes da elite, cujas políticas fariam o Brasil retroagir. Afinal aqueles que não governam para o povo cortam projetos sociais, privatizam empresas públicas, implantam pedágios, e tomam atitudes confrontantes com o interesse coletivo.

Para ler a matéria do G1 sobre a evolução social das domésticas acesse:

(Texto publicado no site Megafone em 20 de setembro de 2010)