sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O petróleo continuará a mandar no mundo?


Não é à toa que ele é chamado de “ouro negro”, afinal os países produtores autossuficientes faturam bilhões (os famosos petrodólares) com a venda de petróleo — matéria-prima para combustíveis, medicamentos, plástico, gás de cozinha, asfalto, entre outros produtos consumidos no mundo todo.

Até uma invasão bélica ao Iraque ocorreu para usurpar o petróleo iraquiano, sob o falso argumento de que o país possuía armas de destruição em massa. Após a destituição e a execução do então presidente Saddam Hussein, da destruição de muitas cidades e da morte de milhares de pessoas, a ONU reconheceu a inexistência do propagado perigo mundial alegado pelos “States”. E ficou tudo por isso mesmo.

A dependência norte-americana do combustível fóssil é tamanha que o país (maior importador e consumidor mundial) compra até mesmo da Venezuela, sem nenhuma retaliação ao presidente Hugo Chávez, um feroz anti-imperialista. Se não existisse essa dependência, será que o venezuelano atacaria os Estados Unidos como faz, ou o Tio Sam ficaria tão comportado como está? Vale lembrar que a Venezuela tem a maior reserva petrolífera do planeta, com o equivalente a 296,5 bilhões de barris.

Um dos usos mais conhecidos do petróleo é na produção de gasolina e óleo diesel. Milhões de consumidores no mundo inteiro dependem do “ouro negro” para se locomover. Por aí é possível imaginar a força das multinacionais petrolíferas e o poder de lobby delas para dificultar o desenvolvimento de combustíveis alternativos, como biodiesel, eletricidade, energia solar ou qualquer outro.

Apesar de iniciativas como a de Itaipu, que produz o veículo elétrico, da cidade de São Paulo, onde dez táxis elétricos rodam pelas ruas, e aqui em Curitiba, onde os Ligeirões utilizam o biodiesel, entre outras nacionais e estrangeiras, não existe nada que incomode ou diminua a supremacia do combustível fóssil e sirva de fonte de energia limpa para a saúde humana e do planeta e de alternativa para consumidores — salvo o etanol brasileiro, que é uma boa opção mas tem suas desvantagens.

Por enquanto as pesquisas estão tímidas, com poucos carros totalmente elétricos em circulação ou em testes. Isso no ano 2013 do século 21! Alguns anos atrás, antes da virada do milênio, imaginava-se um futuro mais robotizado, até com veículos voadores no estilo dos Jetsons. Na realidade, quase nada daquilo que mexia com a imaginação foi concretizado ou saiu do papel para a produção em série. E pelo andar dos investimentos, nem sairá num curto prazo — principalmente com valor acessível ao bolso da maioria dos consumidores mundo afora. 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Prisão é suficiente para punir autores de homicídios dolosos?



Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que não sou favorável a atos extremos, radicais, como “fazer justiça com as próprias mãos”. A razão, o bom senso e, acima de tudo, a lei devem prevalecer em qualquer atitude a ser tomada pelas pessoas.
Mas alguns fatos ocorridos no dia a dia – ainda capazes de chocar a sociedade mesmo diante da violência cotidiana que parece tornar os indivíduos insensíveis – provocam em mim uma reflexão, talvez compartilhada por alguns leitores: a prisão simples é uma medida suficiente para punir autores de homicídios dolosos?
A Constituição Federal proíbe medidas punitivas como pena de morte (exceto em tempos de guerra), penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, penas cruéis e banimento. E o Código Penal determina 30 anos como o prazo máximo de prisão, independentemente do total da pena aplicada pela Justiça.
Segundo essas normas legais, a punição máxima a que uma pessoa é submetida no Brasil por matar ou mandar executar dolosamente alguém é permanecer três décadas encarcerada, sem nada fazer para tentar reparar o mal causado a uma família ou à sociedade como um todo.
Imaginar friamente, sem deixar o lado emocional prevalecer, alguém preso durante 30 anos pode parecer algo severo. Porém esse tempo é passageiro – e o condenado ainda pode obter a progressão do regime fechado para o semiaberto após cumprir dois quintos da pena. Ou seja, depois de 12 anos o criminoso é solto, precisando apenas dormir no cárcere.
Por exemplo, o sujeito pode ter sido condenado a 200 anos de reclusão, com a incidência de fatos qualificadores e aumentativos de pena, entretanto fica no máximo 30 e tem a possibilidade ser beneficiado com a progressão após 12. A pena inicial, que parecia rigorosa, acaba reduzida a nada se comparada à dor e às consequências causadas por um homicídio doloso.
A título de esclarecimento, homicídio doloso é matar alguém intencionalmente ou assumir o risco de fazê-lo. E quem neste mundo tem o direito de mandar assassinar ou de tirar a vida de um semelhante? Que juiz ou tribunal de exceção pode decidir por uma sentença de morte? Absolutamente nenhum se respeitada a Constituição da República!
No Brasil, contudo, não faltam casos hediondos contra a vida, que causam comoção e indignação na sociedade. Pelo contrário, sobram exemplos de como o ser humano é cruel, vil, capaz de atos bárbaros por pouca coisa. Casos Nardoni, Glauco Villas Boas, Pimenta Neves, Suzana von Richthofen e dezenas de outros com menos destaque da mídia, mas tão graves quanto, revelam quão imensa é a bestialidade da espécie humana, a única considerada racional.
Racional? Qual seria a racionalidade ao planejar e consumar atos extremos e repugnantes por vingança, ciúme, dívida, cobiça ou qualquer outro motivo? Será que se o país tivesse leis mais severas para punir autores de assassinatos premeditados, e elas fossem efetivamente aplicadas, seria tão fácil decidir mandar executar uma pessoa ou então consumar o crime?
Ao saber que poderia passar o resto da vida preso, trabalhando remuneradamente em favor dos familiares de sua vítima, ou mesmo ter sua vida tirada em troca da que foi ceifada, um indivíduo não pensaria mais antes de matar ou de encomendar a morte de outra pessoa?

sábado, 1 de dezembro de 2012

Cartel ou coincidência?


O início de novembro foi marcado por protestos em alguns postos de combustíveis de Curitiba, após a elevação do preço da gasolina. Motoristas fizeram filas nas bombas para colocar valores mínimos, como R$ 0,50 e R$ 1, pagar no cartão de crédito e exigir nota fiscal nos estabelecimentos onde foram registrados os maiores aumentos.

Além de repercutir na mídia nacional e refletir o descontentamento do consumidor, a mobilização levou o Procon-PR e o Ministério Público a aplicarem uma multa de R$ 1,2 milhão ao Sindicombustíveis do Paraná. Segundo o promotor Maximiliano Ribeiro Deliberador, “a multa se deu à prática, que não é de hoje, de se aumentar os preços na véspera do feriado”.

Os brasileiros sabem que os combustíveis são caros no país, principalmente a gasolina. Que em grande parte isso se deve à elevada carga tributária, também. Mas e sobre a possível existência de cartéis no segmento, manipulando o mercado e lesando o consumidor? Será que existem?

E em Curitiba, haveria a combinação de preços? Teria sido coincidência um posto em Pinhais, na região metropolitana da capital, ter sofrido um atentado à bala — justamente na época do último aumento — em virtude de o proprietário ter se negado a elevar o preço? Vale lembrar que fatos assim já foram registrados em ocasiões semelhantes.

Questões como essas são difíceis de responder, eu entendo. Embora seja possível para o consumidor formar uma opinião diante de algumas evidências e sendo um bom observador.

Por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Procon-PR em Curitiba, entre 18 e 24 de novembro, traz alguns dados intrigantes. O principal: de 95 estabelecimentos consultados, 43 vendiam o litro da gasolina por R$ 2,89. Ou seja, em 45% deles o valor era o mesmo. Seria somente pura coincidência?

Em outros 21 postos, o preço cobrado era de R$ 2,84; em oito, R$ 2,79; e nos demais os valores variavam de R$ 2,49 a R$ 2,94. Assim, a média do litro da gasolina comum ficou em R$ 2,85 naquela semana.

Para consultar as pesquisas realizadas nos municípios, basta entrar no site da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O link para o levantamento citado neste texto é:

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Meu primeiro Agrinho


Quando cheguei ao Expo Unimed naquela sexta-feira chuvosa, dia 9, por volta das 8h30, tive uma pequena ideia do que seria a 17ª solenidade de premiação do Programa Agrinho. Na entrada, ônibus de várias cidades do Paraná, dos quais desembarcavam professores e alunos, personagens centrais da cerimônia.

Eles, os demais convidados e a imprensa logo eram recepcionados por funcionários do Sistema FAEP/SENAR, que como bons anfitriões prestavam as orientações solicitadas, sempre com um sorriso no rosto. E não poderia ser diferente, afinal a data tradicionalmente é marcada pelo clima de festa e emoção.

E o ambiente estava propício para as comemorações que viriam, com uma decoração temática, obviamente tendo o Agrinho como mote, e painéis cujas imagens digitais interativas chamavam a atenção de todos. Nos dois salões, a série de flashes das máquinas fotográficas marcava o interesse de registrar aquele momento especial.

No espaço destinado aos estudantes, brincadeiras, uma cabine fotográfica e os animados bonecos do Agrinho, Aninha e Nando entretinham as crianças, enquanto professores assistiam à palestra do renomado psicólogo e educador Marcos Meier.

Eram 10 horas. Estava prestes a iniciar a premiação. Com o salão principal repleto, começavam a entrar os alunos e as professoras finalistas. Após a abertura oficial, com as estrelas devidamente colocadas no palco, os mestres de cerimônia iniciavam a entrega dos 212 prêmios.

Sim, mais de duas centenas de máquinas fotográficas, televisores, computadores de mesa e netbooks compunham o rol de prêmios que incluíam cinco veículos novinhos a ser entregues às autoras das experiências pedagógicas vencedoras. Mas esse seria o ápice da festa. A quantidade e a qualidade dos presentes chamaram minha atenção, contudo eram proporcionais à importância do Agrinho para a educação paranaense.

A cada anúncio dos melhores trabalhos, os aplausos e a euforia ecoavam pelo ambiente. Até mesmo os não premiados se rendiam à emoção dos vencedores. É bem verdade que todos alimentavam a vontade de retornar para casa com o título, mas o espírito do programa e a satisfação por estar ali amenizavam a passageira decepção.

Ao passo que o tempo passava e os prêmios iam sendo entregues, crescia a expectativa das docentes, que alimentavam o desejo de sair dali com um dos cinco carros expostos ao lado do palco. Enfim chegava a hora. Notei um clima de tensão no ar. O ponto culminante estava por vir.

Um automóvel estava reservado ao primeiro lugar da categoria Experiência Pedagógica entre escolas particulares. Cinco professoras torciam para ter o nome anunciado, entretanto apenas Sharlene Davantel Valarini, de Engenheiro Beltrão, pôde ir à frente e deixar caírem as lágrimas, que emocionavam também o púbico. Para ela, em especial, aquele momento era pura poesia, como o tema do vitorioso projeto voltado a uma de suas turmas.

Em seguida, 20 educadoras da rede pública esperavam ansiosas assumir o banco dianteiro dos outros quatro Palios. A relação era de cinco por um, e aos poucos a quarta, terceira e segunda colocada eram premiadas. Agora restava somente um veículo e 17 professoras. Quem sairia coroada com o título de autora da melhor experiência pedagógica do estado?

Embora todas se sentissem vitoriosas por ter chegado até ali, a música da vitória – que marcou as manhãs de domingo após o inesquecível Ayrton Senna deixar os adversários para trás – só tocaria para uma delas. E o lugar mais alto do “pódio” foi ocupado por Sandra Foletto Kalschne, de Serranópolis do Iguaçu. Em sua segunda participação no Agrinho, o projeto de sua autoria (“Sol + verão + proteção = trabalho escolar em ação”) foi eleito o melhor pela banca julgadora.

O choro de alegria, o abraço caloroso das colegas, os cumprimentos das autoridades e o assédio da imprensa certamente ficarão marcados na memória de Sandra. Da mesma forma, na de todos que acompanharam mais uma edição desse valoroso programa, elaborado pela competente equipe do SENAR em prol do desenvolvimento da educação no estado.

Para mim, a educação deveria ser prioridade em qualquer esfera de governo, em empresas privadas e em instituições de qualquer natureza, pois é por meio dela que os resultados melhoram e o país se desenvolve. No Agrinho, esse é o objetivo, o que me faz homenagear os envolvidos nele. Parabéns a todos, e até o próximo ano.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Transporte modelo, mas o trânsito...


Curitiba é conhecida dentro e fora do país por ter um transporte público urbano eficaz e inovador, com ônibus articulados e biarticulados, capazes de transportar centenas de passageiros por canaletas exclusivas e parar nas famosas estações-tubo. Há também os ligeirinhos, implantados para percorrer pontos distantes da cidade em pouco tempo, sem paradas constantes.

Há cerca de duas semanas radicado na capital paranaense e usuário dos coletivos, já percebi que na prática esse sistema não é tão eficiente quando aparenta na teoria. Por ora hóspede de meus pais, no Cajuru, trabalho no centro, um percurso de aproximadamente dez quilômetros.

De segunda a sexta, utilizo o ligeirinho Centenário, que de rápido não tem nada. Ele percorre grande parte do trajeto pela BR-277, em meio a um tráfego intenso e travado todas as manhãs. Mesmo com somente duas paradas, chega ao tubo central em 45 minutos. Uma viagem em comparação com cidades médias, como Foz do Iguaçu, por exemplo, onde — apesar do sistema público medíocre — são raros os itinerários que consomem tanto tempo.

No retorno, por volta das 18 horas, a mesma rotina, agravada nos dias de chuva, nos quais o número de carros parece aumentar; e o tempo no ônibus, não passar. No dia em que escrevi este texto, chuvoso, por sinal, o trajeto consumiu uma hora.

Um detalhe quase diário: os bancos são disputados contrariando uma das leis de Newton, pois quando o ligeirinho chega ao tubo a maioria das pessoas que vão embarcar sequer espera o desembarque, ocupando praticamente o mesmo espaço daquelas que descem. Uma tremenda falta de educação! Portanto, quem mantém a civilidade “viaja” sempre em pé.

Por outro lado, ao vivenciar a experiência, porém sem perder a educação e o respeito, até entendo a pressa para garantir um lugar sentado, principalmente na volta para casa. Ao fim da jornada de trabalho, o cansaço e a fome são dois indutores do egoísmo alheio. Imagine você cansado, querendo se alimentar, preso num trânsito travado, em pé, durante uma hora! Não é à toa que muitos passageiros caem no sono.

Mas a situação poderia ser pior se o transporte fosse ruim. Pelo menos os usuários daqui têm à disposição ônibus decentes, que não demoram a passar, cujas linhas são atendidas por vários coletivos. Pior seria se o número de passageiros de uma capital dependesse de um sistema capenga como, infelizmente, é o de Foz do Iguaçu!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O perigo em duas rodas


Um dado alarmante foi revelado dias atrás pelo Ministério da Saúde: R$ 200 milhões haviam sido gastos, até a primeira quinzena, em tratamentos e internações de vítimas de acidentes de trânsito. Proporcionalmente, o montante equivale a R$ 23,5 milhões por mês.
A Área Técnica de Vigilâncias e Acidentes do órgão também informou que em 2011 os hospitais públicos receberam 153.565 acidentados, dos quais 48% (73.711) eram motociclistas. Desse total, a maior incidência foi por pilotagem perigosa e uso de álcool. Ou seja, fatores diretamente ligados à irresponsabilidade das vítimas.
O atendimento àqueles casos demandou 30% dos leitos em prontos-socorros, e 25% dos motociclistas morreram. Esses índices, que são a média dos últimos anos, foram confirmados pela Associação Brasileira de Medicina no Tráfego. Segundo a Abramet, de dez leitos ocupados nas UTIs, quatro são por acidentados no trânsito, principalmente condutores de motos.
Os números são preocupantes porque mostram a falta de consciência das pessoas que provocaram seus acidentes. Dirigir perigosamente, ou sob efeito de álcool, um veículo de duas rodas é desafiar a sorte. E pelas estatísticas fica claro quem perde.

Mas é bom ressaltar, o prejuízo se estende à sociedade, seja na forma de outras vítimas envolvidas nos acidentes, no gasto público com os tratamentos, e ainda na ocupação de leitos que poderiam receber pessoas com enfermidades diferentes.

A regra no trânsito é obedecer às normas de circulação, e a maior parte dos sinistros ocorre porque o código é descumprido pelos motoristas e pedestres. Esse comportamento indica a necessidade de uma constante educação, seja sobre as regras de tráfego e para a própria cidadania.

No dia a dia é possível flagrar manobras ousadas, como motos “costurando” entre veículos, transitando sobre as faixas centrais das pistas, ou passando no pequeno espaço entre guias de calçadas e lombadas, por exemplo.

Outra conduta extremamente perigosa é não utilizar capacete. Pior que isso é usá-lo no braço. Quem nunca avistou um motociclista com o equipamento encaixado entre o braço e o antebraço? Uma aberração! Da mesma forma não adianta estar de capacete com a viseira levantada.

Dias atrás observei um motoqueiro digitando enquanto pilotava. Estaria enviando mensagens pelo celular? É provável, já que não poderia falar devido ao capacete. Em uma campanha lançada recentemente, a Abramet alerta para o risco 23 vezes maior de ocorrer um acidente ao desviar o olhar da rua para mandar SMS. Agora imagine isso numa moto!

Até a próxima.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Parque Nacional do Iguaçu é casa de quem?


O atropelamento de um veado-mateiro no Parque Nacional do Iguaçu quarta-feira reforça a preocupação dos ambientalistas com o trânsito de veículos dentro da unidade.

O acidente ocorreu em meio à celeuma criada dias atrás, após a Justiça ter expedido uma liminar proibindo vans de turismo e táxis de entrar no parque.

Apesar dos protestos de profissionais do setor, o fato é que 37 animais morreram atropelados, só este ano, na unidade. A maioria dos casos ocorreu à noite, reduzindo a chance de se descobrir os responsáveis.

Um dos argumentos contrários à decisão judicial e talvez o principal é que a medida vai prejudicar o turismo, gerando até mesmo desemprego.

Atualmente, quem chega ao parque de táxi ou veículo de turismo desembarca, obrigatoriamente, no Centro de Visitantes da unidade. Até aí não muda nada.

Não poder entrar na reserva diminuiria o valor cobrado pelas empresas de receptivo e taxistas, mas dizer que a redução de 12 quilômetros até o Hotel das Cataratas provocaria quebradeira ou desemprego é um exagero.

O transporte não deixaria de ser feito, apenas teria um percurso menor. Se as empresas ou taxistas veem prejuízo, que reajustem as tarifas. Menos lucro não pode, nunca, sobrepor a preservação da vida no maior parque nacional brasileiro, Patrimônio da Humanidade.

A unidade é lar de várias espécies da fauna e da flora regional. Elas são as moradoras genuínas, pois estavam lá muito antes de o homem pensar em conhecer ou se achar o dono do local.

Na verdade, o ser humano é o invasor. Ele entra, devasta, explora a natureza, desfigurando habitats, extinguindo animais e plantas, raramente sendo responsabilizado. Sempre foi assim, mas isso deve parar.

No caso da restrição de tráfego no parque diante da dificuldade de se descobrir os responsáveis, da leveza das penas por crimes ambientais no país, e da importância de se conservar aquela unidade —, está certa a Justiça.

Racionais, os homens vão encontrar uma alternativa para atender à demanda por serviços prestados no Parque Nacional do Iguaçu, conciliando o interesse comercial com a preservação ambiental.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

“Para mim a cadeira dá liberdade”


Essa foi uma das declarações de Jaciel Antônio Paulino, após vencer a 6ª Meia Maratona das Cataratas, disputada dia 8 de julho, entre os atletas cadeirantes. O santista acumulou mais uma conquista em corridas de rua e mostrou que é possível superar as limitações físicas.
A frase do campeão — título desta coluna — foi tirada do seguinte contexto: “Os deficientes podem ter vida social, não apenas ficar presos numa cadeira. Para mim a cadeira dá liberdade”. Um exemplo de pensamento vitorioso, que serve de estímulo não só para quem possui alguma limitação física, mas a todos diante de algum obstáculo na vida.
Jaciel e os outros três participantes da categoria — Carlos Neves de Souza, Ezequiel Eli da Rosa, e Sérgio Madrid (que abandonou a prova por problemas na cadeira) — superaram os 21 quilômetros do percurso no Parque Nacional do Iguaçu numa manhã fria e úmida.
A baixa temperatura castigou os outros corredores, é verdade, porém a umidade foi um desafio a mais aos cadeirantes, pois as luvas deles iam corroendo e deslizando com o atrito no apoio das rodas. Ao final, além do cansaço físico extra, a sensação de missão cumprida.
O mesmo sentimento de vitória e o sorriso nos lábios foram demonstrados por Francisco Lima de Souza e Rita Praxedes Teixeira, deficientes visuais, guiados por bombeiros na meia-maratona. Ao contrário dos cadeirantes, estreantes na prova, ambos já participaram de outras edições da corrida e, mais uma vez, completaram o percurso satisfeitos.
Em comum, os seis atletas foram exemplos de dedicação aos amadores que, durante o esforço ao longo de aproximadamente duas horas e meia, puderam ter pensado em desistir. E também ao público e a todas as pessoas envolvidas na Meia Maratona das Cataratas, as quais tiraram boas lições de vida da participação dos corredores especiais.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Seu carro será chipado


Está previsto para iniciar em julho o funcionamento do Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav), que consiste na colocação de chips em toda a frota nacional até julho de 2014. O projeto se encontra em fase final de elaboração no Ministério das Cidades e deverá ser implantado pelo Denatran.

O Siniav foi lançado há seis anos, mas não entrou em funcionamento porque enfrentou resistência no Congresso Nacional. Após ser reformulado, o projeto está pronto para ser homologado e publicado pelo Contran.

A proposta do governo federal é determinar que os Detrans dos estados promovam a implantação de chips no para-brisa dos veículos dentro de dois anos. O objetivo é captar o sinal emitido pelas etiquetas eletrônicas por meio de radiofrequência. Para isso, antenas serão instaladas em todo o território nacional.

As informações devem ser armazenadas em dois bancos de dados: um de veículos em condições regulares, outro de veículos com alguma irregularidade, como notificação de roubo ou furto, impostos vencidos, bloqueio judicial, entre outros casos. O Denatran ficará responsável por gerenciar os dados e repassá-los aos demais órgãos do Siniav. 

Afinal, essa medida está mais para espionagem ou para um controle eficiente da frota? Há quem defenda cada uma dessas opções, tanto que o projeto demorou seis anos para voltar à discussão reformulado. O armazenamento do número das placas, modelo, ano e cor tem por finalidade separar o joio do trigo; ou seja, tirar de circulação aqueles que rodam irregularmente, até o problema ser resolvido. 

Entendo como justa essa proposta, pois o direito de circular nas vias deve ser restrito a quem paga corretamente o IPVA, o licenciamento, o financiamento — dever de todo proprietário de veículo. Já basta aqui em Foz do Iguaçu, onde carros e motos emplacados no Paraguai, por brasileiros residentes na cidade, rodam sem pagar imposto nem licenciamento em nenhum dos países. Injusto, muito injusto! 

Outro benefício da colocação do chip será para a segurança dos próprios motoristas. A localização de um bem roubado ou furtado se dará muito mais facilmente dentro do país, agilizando e garantindo maior eficiência na sua recuperação. E ainda os casos de sequestro poderão ser melhor investigados e solucionados tendo como base informações corretas do itinerário do veículo.

As opiniões sobre o Siniav devem variar conforme cada pessoa interpretá-lo. Para algumas, invasão de privacidade; para outras, alternativa à segurança pública e à equidade nas vias públicas. Eu defendo a segunda opção.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quanto mais severa a lei seca, melhor!

Aguarda votação no Senado a lei seca aprovada em abril na Câmara dos Deputados, em resposta ao desserviço prestado ao país pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve o exame de sangue e o bafômetro como as únicas formas de comprovar a embriaguez ao volante.

Essa decisão, descabida de bom senso, permite ao motorista flagrado sob efeito de álcool não responder por isso, mesmo que esteja caindo de bêbado, correndo o risco de matar e morrer por pura irresponsabilidade! E por quê? Porque ninguém é obrigado a produzir prova contra si; ou seja, o condutor não pode ser submetido ao teste de alcoolemia contra sua vontade.

Conforme o texto aprovado pelos deputados, quem se recusar a fazer os testes poderá responder a uma ação criminal. Como prova serão aceitos depoimentos, vídeos e “outros meios admitidos pelo direito”. Dessa forma, será possível responsabilizar motoristas com a “capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”.

Como o brasileiro parece “aprender” mais facilmente quando a punição também afeta seu bolso, o valor da multa dobrou, passando de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Pouco, ainda, diante das gravíssimas consequências que podem advir da condução de veículos sob a influência de alguma droga. Para a pessoa reincidente no período de um ano, o montante duplica mais uma vez: R$ 3.830,80.

Os motoristas precisam conscientizar-se de que dirigir é um ato de muita responsabilidade. A qualquer momento há a possibilidade de ocorrer um acidente. Sob o efeito de bebida alcoólica, ou outra substância que altere a capacidade psicomotora, esse risco aumenta demais. E isso pode gerar de simples danos materiais até óbitos.

Com a criminalização do ato de guiar embriagado, muitas vidas poderão ser salvas. Vale lembrar que em 2010 cerca de 45 mil pessoas morreram em acidentes, centenas deles tendo o álcool como motivador. Sem falar em quantas tiveram sequelas irreversíveis.

Paralelamente ao rigor da lei deve aumentar a fiscalização. As autoridades de trânsito precisam fazer mais blitze, tanto educativas quanto repressivas. A lei seca não terá efeito se os motoristas não forem parados em operações constantes e que contem com equipamentos adequados.

A título de exemplo, eu moro em Foz do Iguaçu há 12 anos. Neste tempo fui parado em apenas uma blitz. Já passei por outras, porém dá para contar nos dedos quantas. As autoridades do setor poderiam tornar mais frequentes as ações, principalmente à noite e nos fins de semana, quando o movimento em torno de estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas é intenso.

A vida não tem preço, entretanto o ser humano parece só dar valor a ela em casos extremos. Claro que as pessoas possuem seu livre-arbítrio, podendo até se matar em um automóvel caso queiram. Mas levar consigo inocentes não é aceitável, por mais egoístas, inconsequentes ou doentes que elas sejam. Veículos são meios de locomoção, não brinquedos e, muito menos, armas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Egoísmo, barbeiragem ou o quê?

Ao transitar pelas vias públicas é possível observar diversas condutas erradas de motoristas. Veículos que ocupam duas vagas, que dificultam a entrada e a saída de outros automóveis de garagens, ou estacionados em locais reservados para idosos ou deficientes são apenas alguns exemplos de flagrantes cotidianos.

Como pode alguém não respeitar um espaço coletivo, dividido com centenas de pessoas? Puro egoísmo ou barbeiragem mesmo? Um sujeito que para seu carro no espaço de duas vagas é tão estúpido que não se dá conta disso ou simplesmente não se importa com os demais motoristas? Ou é preguiçoso ou barbeiro para não estacionar corretamente?

O leitor já deve ter visto automóveis em cima de calçadas, impedindo ou atrapalhando o deslocamento de pedestres. O que teria pensado o autor dessa infração? Ou não pensara nada? E ao ocupar vagas para deficientes físicos ou idosos, o motorista teria imaginado que esse público não necessitaria daquele espaço?

Esses exemplos de desrespeito mostram falta de sensibilidade, desvio de conduta e arrogância. Pessoas com esse tipo de atitude precisam saber que todas possuem os mesmos direitos, que as vontades delas não se sobrepõem às das demais. Não importa a classe social, a hierarquia no trabalho ou qualquer outro fator.

Os meios de transporte menores têm preferência sobre os maiores; e os pedestres, sobre todos. A convivência harmônica entre eles depende da consciência pessoal e do conteúdo aplicado nos centros de formação de condutores. Cidadania significa ter direitos e deveres, com respeito mútuo entre os indivíduos. E isso deve ser a regra básica no trânsito.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Uma pequena reflexão sobre acidentes...

Congestionamento na pista, ambulância, rabecão do IML, peritos da Polícia Científica, policiais rodoviários, cadáveres próximos a um veículo destruído. Cena comovente, porém comum nas vias urbanas e rurais brasileiras. No ano passado, cerca de 40 mil brasileiros perderam a vida em acidentes.

As razões são muitas, entretanto, na maioria esmagadora das vezes, resultantes de falha humana: excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, consumo de álcool ou drogas, falta de experiência ou de habilitação...

Imprudência, negligência, imperícia, irresponsabilidade, falta de bom senso, pouco amor à vida, ou falsa sensação de poder. Por que ocorrem tragédias? Seria em virtude de maus comportamentos? Se for, o ser humano é incapaz de refletir e imaginar que ele pode tornar-se uma vítima?

Nos noticiários, principalmente antes de feriados prolongados, entrevistas com policiais e orientações de como proceder durante as viagens e da necessidade de revisar os automóveis. Depois, imagens de desastres e estatísticas de mortos e feridos. É sempre assim. E, infelizmente, sempre será!

A julgar pelas atitudes de motoristas no dia a dia, parece inviável acreditar na diminuição de acidentes fatais, tanto dentro de cidades quanto em rodovias. Com ou sem campanhas de conscientização, enquanto uma pessoa estiver no controle de um veículo, haverá ferimentos, mutilações e mortes no trânsito.

Mas adotar os procedimentos corretos de trafegabilidade pode, certamente, reduzir o número de desastres e suas consequências. Isso depende apenas de nós! Seria esperar muito dos únicos animais considerados racionais?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Radares não precisam mais de sinalização. E faz sentido!

Uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicada no fim de dezembro extinguiu a necessidade de sinalização nos locais onde há radares, de qualquer tipo, em vias urbanas e rurais. Medida bastante polêmica, naturalmente ela divide a opinião de motoristas e pedestres.

No meu entender, foi acertada a decisão do Contran, afinal quem conduz veículos deve respeitar o limite de velocidade estabelecido para cada via – como determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) no seu artigo 61 (A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições de trânsito.).

Ao longo dos cinco anos em que foi obrigatória a sinalização dos locais fiscalizados eletronicamente, os motoristas diminuíam a velocidade apenas nos trechos com radar, excedendo o limite antes e depois deles. Desta forma, os equipamentos serviam apenas para flagrar os desavisados e alimentar a “indústria da multa”.

A partir de agora isso deve mudar. Embora permaneça a necessidade de os dispositivos eletrônicos estarem às vistas dos condutores e não escondidos , o alcance deles permitirá saber quem desrespeita o CTB e põe em risco a segurança no trânsito. Veja, caro leitor, para não ser flagrado você não precisará fazer nada mais do que cumprir a lei. Portanto, quem critica a medida do Contran dá a entender ter a prática de sempre cometer aquela infração.

O ideal seria que todos respeitassem a velocidade estabelecida, assim como utilizassem o cinto de segurança, não falassem ao celular dirigindo, não furassem o sinal vermelho, enfim, cumprissem toda a legislação. Mas basta observar o dia a dia no trânsito para verificar o quanto o CTB é ignorado. E mais, ter noção de quantos riscos os comportamentos inadequados geram.

As estatísticas sempre apontam o excesso de velocidade como uma das principais causas de acidentes e mortes no trânsito. Muitos motoristas parecem não se importar, talvez por se considerarem ases ao volante. E esse é o problema, porque a confiança em demasia faz os inconsequentes adotarem atitudes perigosas e fatais a todos ao seu redor.
Então, por concordar com a máxima “é preciso tomar cuidado por você e pelos outros”, apoio totalmente a resolução do Contran.