quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Entenda a mudança nas palavras compostas ligadas por conectivos

Com a reforma ortográfica, somente termos da botânica e zoologia mantêm o hífen

Em janeiro de 2009 começaram a valer as mudanças previstas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, com a finalidade de padronizar o idioma português nos oito países que o utilizam. Mesmo já tendo abordado este tema na coluna de 1º de dezembro de 2008 (Acordo Ortográfico passa a valer em um mês), retomo o assunto para tratar especificamente sobre o uso do hífen em palavras anteriormente escritas tanto com esse sinal gráfico quanto sem ele.

Antes da alteração, alguns substantivos compostos podiam ser grafados com hífen e sem ele, dependendo do seu significado. Eis alguns exemplos: dia-a-dia (rotina, cotidiano) e dia a dia (dia após dia), pé-de-moleque (doce) e pé de moleque (parte do corpo de um jovem), corpo-a-corpo (briga) e corpo a corpo (a forma da luta), passo-a-passo (o processo em si) e passo a passo (forma do processo), cavalo-de-pau (manobra) e cavalo de pau (objeto em madeira).

Outros termos eram hifenizados, mesmo que possuíssem somente um significado, como: cara-de-pau, cabo-de-guerra, capitão-de-corveta, conto-do-vigário, deus-nos-acuda, diz-que-diz, disse-que-disse, faz-de-conta, feijão-com-arroz, ir-e-vir, leva-e-traz, lua-de-mel, maria-vai-com-as-outras, mestre-de-cerimônias, mestre-de-obras, mão-de-obra, olho-de-sogra, olho-da-rua, pão-de-ló, pai-de-santo, pau-de-sebo, pau-de-arara, pé-de-vento, pé-de-valsa, ponto-de-venda, preto-e-branco, rabo-de-cavalo, rabo-de-saia, salve-se-quem-puder, testa-de-ferro, vira-e-mexe, entre outros.

Entretanto, após a reforma ortográfica, todas essas palavras e outras inclusas na mesma regra não são mais escritas com hífen. Para simplificar e diminuir as dúvidas, optou-se por restringir o sinal aos termos compostos e ligados por conectivos referentes apenas à botânica e à zoologia. Assim, tão-somente nomes de plantas e de animais, ou outros substantivos daquelas áreas da biologia, mantêm-se hifenizados. Veja alguns exemplos: banana-da-terra, bem-te-vi, boca-de-leão, castanha-do-pará, cedro-do-líbano, copo-de-leite, canário-do-reino, erva-de-passarinho, espada-de-são-jorge, joão-de-barro, maria-sem-vergonha, pimenta-do-reino, tigre-de-bengala, urubu-rei.

Atenção, observe que o hífen sofreu mudança em sua utilização só nos termos unidos por elementos conectivos, a exemplo dos empregados acima: a, com, da, de, do, e, quem, sem, entre outros. Nos demais substantivos compostos, o sinal deve ser mantido — inclusive nos de procedência. Acompanhe alguns casos: algodão-doce, bem-apessoado, caminhão-pipa, desmancha-prazer, editor-chefe, fórmula-grama, guarda-roupa, hotel-fazenda, lesa-pátria, mato-grossense-do-sul, navio-petroleiro, ordem-unida, papel-alumínio, quartel-general, recém-nascido, saia-justa, terceiro-mundista, verde-musgo, zero-quilômetro.

É isso. Até a próxima.

(Texto publicado no site Megafone em 16 de setembro de 2010)

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