No Brasil, álcool e fumo são permitidos; outras drogas não. Alguém justifica o porquê dessa incoerência?
Tenho 36 anos; raramente bebo, não fumo, nem uso qualquer droga proibida. O propósito deste texto é suscitar a reflexão e o debate sobre um tema bastante polêmico e que desperta em mim algumas dúvidas, a partir da seguinte indagação: por que as bebidas alcoólicas e o fumo são permitidos no país em detrimento a outras substâncias narcóticas?
Talvez eu saiba a resposta, mas considero pertinente lançar outras perguntas: quem, quando e por que se decidiu pela legalidade da indústria da bebida e do fumo no Brasil? Por que quando essas duas drogas surgiram não havia estudos acerca dos males provocados por elas? Ou quem sabe por que já seria “tarde” para proibi-las a partir do conhecimento de que não trazem absolutamente nada de bom para os consumidores, apenas problemas sociais e de saúde? Seria conveniente aos governos abrir não de uma milionária arrecadação tributária? Ou por que havia o
falacioso argumento do fechamento de milhares de postos de trabalho?
É fato que o alcoolismo afeta milhões de brasileiros, mais precisamente 12,3% das pessoas com idades entre 12 e 65 anos, de acordo com a última pesquisa da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) sobre uso de drogas no país, feita em 2005. Segundo o Ministério da Saúde, apenas no estado de São Paulo, um milhão de pessoas seriam dependentes do álcool. E mais, pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), que funciona no Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, revela que 11,2% da população brasileira são alcoolistas e que o primeiro contato com a bebida se dá, em média, aos 12,5 anos de idade.
Em 1998, a revista Plantão Médico veiculou uma matéria informando que o álcool era a droga preferida de 68,7% dos brasileiros e que 90% das internações em hospitais psiquiátricos por dependência de drogas aconteciam devido ao seu consumo. A publicação destacava ainda o alcoolismo como a terceira doença mais letal no mundo e como a causa de 350 doenças físicas e psiquiátricas. Citava também que 45% dos jovens entre 13 e 19 anos envolvidos em acidentes de trânsito haviam ingerido bebida alcoólica, segundo pesquisa realizada em cinco capitais brasileiras.
Tabagismo No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer (Inca), indica que 18,8% da população fumam (22,7% dos homens e 16% das mulheres). O estudo aponta também que cerca de 80% a 90% começaram a fumar antes de 18 anos. E ainda: “O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e câncer. Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco incluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de fumantes passará de 1,2 bilhão para 1,6 bilhão entre o ano 2000 e 2030 e que o total de mortes anuais ocasionadas pelo tabagismo aumentará de 4,9 milhões para dez milhões no mesmo período.
Alguns outros dados importantes: a fumaça do cigarro reúne, aproximadamente, 4,7 mil substâncias tóxicas diferentes; o tabagismo está ligado a 50 tipos de doenças; no Brasil, 23 pessoas morrem por hora em virtude de doenças ligadas ao tabagismo.
Incoerência Diantes dessas observações, fica clara minha posição contra a bebida, o cigarro e qualquer outra droga. Talvez alguns leitores concordem comigo, outros certamente não, porém não se pode conviver com tamanha hipocrisia num país que gasta milhões por ano para tratar pessoas dependentes e doentes em decorrência do vício nas substâncias lícitas, mas mortais. Se uma droga é proibida, todas as outras também deveriam ser, e vice-versa, independentemente da moderação no seu consumo.
Quem sabe este texto alcance sua finalidade de trazer a público outras visões, as quais serão bem recebidas pelo Megafone, um espaço democrático e apolítico, aberto para a sociedade manifestar-se — principalmente acerca de temas relevantes à coletividade.
Talvez eu saiba a resposta, mas considero pertinente lançar outras perguntas: quem, quando e por que se decidiu pela legalidade da indústria da bebida e do fumo no Brasil? Por que quando essas duas drogas surgiram não havia estudos acerca dos males provocados por elas? Ou quem sabe por que já seria “tarde” para proibi-las a partir do conhecimento de que não trazem absolutamente nada de bom para os consumidores, apenas problemas sociais e de saúde? Seria conveniente aos governos abrir não de uma milionária arrecadação tributária? Ou por que havia o
falacioso argumento do fechamento de milhares de postos de trabalho?
É fato que o alcoolismo afeta milhões de brasileiros, mais precisamente 12,3% das pessoas com idades entre 12 e 65 anos, de acordo com a última pesquisa da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) sobre uso de drogas no país, feita em 2005. Segundo o Ministério da Saúde, apenas no estado de São Paulo, um milhão de pessoas seriam dependentes do álcool. E mais, pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), que funciona no Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, revela que 11,2% da população brasileira são alcoolistas e que o primeiro contato com a bebida se dá, em média, aos 12,5 anos de idade.
Em 1998, a revista Plantão Médico veiculou uma matéria informando que o álcool era a droga preferida de 68,7% dos brasileiros e que 90% das internações em hospitais psiquiátricos por dependência de drogas aconteciam devido ao seu consumo. A publicação destacava ainda o alcoolismo como a terceira doença mais letal no mundo e como a causa de 350 doenças físicas e psiquiátricas. Citava também que 45% dos jovens entre 13 e 19 anos envolvidos em acidentes de trânsito haviam ingerido bebida alcoólica, segundo pesquisa realizada em cinco capitais brasileiras.
Tabagismo No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer (Inca), indica que 18,8% da população fumam (22,7% dos homens e 16% das mulheres). O estudo aponta também que cerca de 80% a 90% começaram a fumar antes de 18 anos. E ainda: “O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e câncer. Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco incluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de fumantes passará de 1,2 bilhão para 1,6 bilhão entre o ano 2000 e 2030 e que o total de mortes anuais ocasionadas pelo tabagismo aumentará de 4,9 milhões para dez milhões no mesmo período.
Alguns outros dados importantes: a fumaça do cigarro reúne, aproximadamente, 4,7 mil substâncias tóxicas diferentes; o tabagismo está ligado a 50 tipos de doenças; no Brasil, 23 pessoas morrem por hora em virtude de doenças ligadas ao tabagismo.
Incoerência Diantes dessas observações, fica clara minha posição contra a bebida, o cigarro e qualquer outra droga. Talvez alguns leitores concordem comigo, outros certamente não, porém não se pode conviver com tamanha hipocrisia num país que gasta milhões por ano para tratar pessoas dependentes e doentes em decorrência do vício nas substâncias lícitas, mas mortais. Se uma droga é proibida, todas as outras também deveriam ser, e vice-versa, independentemente da moderação no seu consumo.
Quem sabe este texto alcance sua finalidade de trazer a público outras visões, as quais serão bem recebidas pelo Megafone, um espaço democrático e apolítico, aberto para a sociedade manifestar-se — principalmente acerca de temas relevantes à coletividade.
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